A Debandada Católica e a Apostasia dos últimos tempos

Por Prof. Alessandro Lima.

"Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna" (Jo 6,67-68).

Introdução
Desde os tempos apostólicos mui-tos cristãos abandonaram a Igreja Cató-lica. Este processo teve início no surgi-mento das primeiras heresias (como as heresias judaizante e gnóstica), foi po-tencializado com o surgimento do Islã, da Reforma Protestante e o Iluminismo. Cresceu em progressões geométricas desde o aparecimento do Pentecosta-lismo Americano no final do séc. XIX.
Neste artigo quero convidar o lei-tor (principalmente católicos e ex-cató-licos) a uma profunda reflexão sobre es-tes fatos e sua relação com as adver-tências que os Apóstolos nos deixaram sobre os últimos tempos.
“Quereis vós também retirar-vos?”

Esta pergunta Jesus fez aos Doze Apóstolos, após muitos de seus discí-pulos decidirem abandoná-Lo, conforme relata São João em seu Evangelho: "Desde então, muitos dos Seus discípulos se retiraram e já não andavam com Ele" (Jo 6,66).
Por que muitos discípulos de Jesus resolveram abandoná-Lo? Minutos antes o Senhor havia ensinado uma das verda-des fundamentais da Fé:
"Em verdade, em verdade vos di-go: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. Este é o pão que desceu do Céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eterna-mente. E o pão, que Eu hei de dar, é a minha Carne para a salvação do mundo" (Jo 6,47-51).
Relata o Evangelista que "A essas palavras, os judeus começaram a discu-tir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua Carne?" (Jo 6,52).
Eles ficaram escandalizados com as palavras de Cristo. Será que Jesus estava falando em parábolas? Então, o Salvador continua:
"Então Jesus lhes disse: Em verda-de, em verdade vos digo: se não comer-des a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. Pois a Minha Carne é verdadeiramente uma comida e o Meu Sangue, verdadei-ramente uma bebida. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele" (Jo 6,53-56) (grifos meus).
Nosso Senhor deixa bem claro que Ele é verdadeiramente o Pão da Vida. Nosso Senhor termina seus ensinamen-tos confirmando mais uma vez o que havia dito outras duas:
"Assim como o Pai que Me enviou vive, e Eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a Minha Carne viverá por Mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais come-ram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente. Tal foi o ensinamen-to de Jesus na sinagoga de Cafarnaum" (Jo 6,57-59).
É bem provável que se Jesus não tivesse feito tal Revelação, os discípulos que o abandonaram ainda estivessem com Ele. No entanto naquela ocasião eles não tinham um outro Cristo para seguir; ou ficavam com Jesus ou o abandona-vam, e sabemos muito bem qual foi a decisão deles.
Ser Cristão não é confessar uma idéia ou filosofia que tenha como núcleo o Cristo, mas sim estar em sintonia com toda Verdade Revelada por Ele.
Ou confessamos Cristo por inteiro, ou estaremos confessando uma mentira ou uma meia-verdade que é pior que a mentira. Nos informa ainda o Evange-lista:
“Muitos dos seus discípulos, ouvin-do-O, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, per-guntou-lhes: Isso vos escandaliza? Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?... O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Mas há alguns entre vós que não crêem... Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair “ (Jo 6,60-64).
Os ensinamentos de Cristo naque-la ocasião escandalizaram e continuam escandalizando a muitos até hoje. Esta Verdade de Fé que não foi inventada pela Igreja (como anunciam aos quatro ven-tos os inimigos da Igreja), mas foi Reve-lada pelo próprio Cristo conforme testi-fica a Escritura Sagrada.
Assim como no passado, ainda hoje muitos abandonaram a Fé Católica porque não creram na presença real de Cristo no Sagrado Sacrifício da Missa. Durante séculos se ecoou a voz dos primeiros apóstatas: “ISTO É MUITO DURO! QUEM O PODE ADMITIR?”. Não admitindo esta Verdade caíram no mesmo erro de seus predecessores.
Por isso ainda hoje as palavras do Cristo se fazem necessárias: “ISSO VOS ESCANDALIZA? [...] As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Mas há alguns entre vós que não crêem”.
Muitas pessoas deixaram a Igreja Católica porque deixaram de crer ou nunca creram que a Carne e o Sangue do Senhor são “VERDADEIRAMENTE COMIDA” e “VERDADEIRAMENTE BEBIDA” respectivamente. Desta for-ma, a pergunta do Senhor aos Apóstolos estende-se àqueles que ainda estão na Igreja Católica: “QUEREIS VÓS TAM-BÉM RETIRAR-VOS?” (Jô 6,67).

A grande apostasia predita por São Paulo nos últimos tempos
Hoje em dia todo mundo conhece alguém que abandonou a Fé Católica. Existem ex-católicos que se tornaram ateus, espíritas e a maioria protestante. A Europa de outrora que fora católica hoje é atéia. O Catolicismo oriental encontra-se suprimido pelos regimes totalitários do Islã e dos países Budistas, como a China e Japão.
Na América Latina, o Catolicismo encontra-se anulado pelas doutrinas modernistas da RCC e dos teólogos de esquerda da Teologia da Libertação; situação esta que muito tem contribuído para a aliciação de fiéis católicos pelas seitas.
No Brasil, país considerado possuir o maior rebanho católico do mundo, a grande maioria dos católicos não possuem conhecimento de sua Fé, não se envolvem em iniciativas de evange-lização e não buscam uma vida santa.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde 1970 tem registrado uma progressiva diminuição da população católica do País.
Todos esses fatos corroboram fielmente com a apostasia anunciada por São Paulo nos últimos tempos:
"No que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com Ele, rogamo-vos, irmãos, não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o dia do Senhor. Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apos-tasia, e deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o adver-sário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus" (2 Ts 2,1-4).
Portanto, até que Cristo venha, a Fé que Ele instituiu será quase que totalmente erradicada da face da terra.

Advertências sobre os falsos mestres
Antes e depois da Reforma Protes-tante, a história da Cristandade registra o constante surgimento das seitas. Todas elas surgem como as reais descobridoras do Verdadeiro Evangelho, retomando sempre em seu tempo os mesmos erros do passado.
O mundo jamais viu surgir tantos pseudos-profetas quanto no séc. XIX, que também presenciou o surgimento do Pentecostalismo. No início de 1814 surge o Milerismo, movimento fundado por Guilherme Miller e que depois deu origem Movimento do Advento em 1844, encabeçado pelo casal Tiago e Ellen G. White, fazendo surgir os Adventistas do Sétimo Dia.
Em 1844 morre J. Smith, o fun-dador dos Mórmons, que com suas visões e pregações conseguiu arrastar milhares de seguidores através da América do Norte. Esta época vê surgir também a Mary Baker Eddy, a "profetiza" fundadora da Ciência Cristã, sem falar no Reverendo Moon, entre outros.
Todos estes pseudo-profetas inti-tularam-se detentores e restauradores da verdadeira mensagem cristã.
Com efeito, sobre isso nos avisa-ram os Apóstolos:
"O Espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a doutrinas dia-bólicas, de hipócritas e impostores que, marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia, proíbem o casamento, assim como o uso de alimentos que Deus criou para que sejam tomados com ação de graças pelos fiéis e pelos que conhe-cem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom e nada há de reprovável, quando se usa com ação de graças. Porque se torna santificado pela palavra de Deus e pela oração" (1Tm 4,1-5).
"Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores que introdu-zirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina" (1Pd 2,1).
"Caríssimos, não deis fé a qual-quer espírito, mas examinai se os espíri-tos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo" (1Jo 4,1).

Conclusão
Toda mentira se levanta contra a Verdade. Embora todo esse pseudo-profetismo fosse totalmente divergente um do outro, possuía em comum o com-bate contra a Igreja Católica; combate ainda sustentado pelas novas seitas como os Adventistas do Sétimo Dia, as Testemunhas de Jeová, entre outras que surgem a todo instante.
Estamos vendo para onde se encaminha o destino deste mundo, o que me faz lembrar as célebres palavras do Senhor: "Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8).
Diante do embate contra o Prín-cipe deste mundo, nós católicos que per-sistirmos firmes na Fé e na antiga Tra-dição dos Apóstolos, devemos renovar nossa esperança lembrando-nos das pa-lavras de São Paulo à Igreja de Roma:
“Primeiramente, dou graças a meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é preco-nizada a vossa fé. [...] A vossa obediência se tornou notória em toda parte, razão por que eu me alegro a vosso respeito. [...] O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!” (Rm 1,8; 16,19-20).
Apostolado Veritatis Splendor

EVANGELHO QUOTIDIANO

Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68

Evangelho segundo S. Marcos 9,14-29

Ia ter com os seus discípulos, quando viu em torno deles uma grande multidão e uns doutores da Lei a discu-tirem com eles. Assim que viu Jesus, toda a multidão ficou surpreendida e acorreu a saudá-Lo. Ele perguntou: «Que estais a discutir uns com os outros?» Alguém de entre a multidão disse-lhe: «Mestre, trouxe-te o meu filho que tem um espírito mudo. Quando se apodera dele, atira-o ao chão, e ele põe-se a espumar, a ranger os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram.» Disse Jesus: «Ó gera-ção incrédula, até quando estarei con-vosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá.» E levaram-lho. Ao ver Jesus, logo o espírito sacudiu violenta-mente o jovem, e este, caindo por terra, começou a estrebuchar, deitando espu-ma pela boca. Jesus perguntou ao pai: «Há quanto tempo lhe sucede isto?» Respondeu: «Desde a infância; e muitas vezes o tem lançado ao fogo e à água, para o matar. Mas, se podes alguma coisa, socorre-nos, tem compaixão de nós.» «Se podes...! Tudo é possível a quem crê», disse-lhe Jesus. Imediata-mente o pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» Vendo, Jesus, que acorria muita gente, ameaçou o espírito maligno, di-zendo: «Espírito mudo e surdo, ordeno-te: sai do jovem e não voltes a entrar nele.» Dando um grande grito e sacu-dindo-o violentamente, saiu. O jovem ficou como morto, a ponto de a maioria dizer que tinha morrido. Mas, tomando-o pela mão, Jesus levantou-o, e ele pôs-se de pé. Quando Jesus entrou em casa, os discípulos perguntaram-lhe em particu-lar: «Porque é que nós não pudemos expulsá-lo?» Respondeu: «Esta casta de espíritos só pode ser expulsa à força de oração.»
Da Bíblia Sagrada: Comentário ao Evangelho do dia feito por: Hermas (séc. II)
«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»
Expulsa a dúvida da tua alma, nun-ca hesites em dirigir a Deus a tua oração, dizendo: «Como posso eu rezar, como posso ser escutado, depois de ter ofen-dido a Deus tantas vezes?» Não racio-cines dessa maneira; volta-te de todo o coração para o Senhor, e reza-Lhe com total confiança. Conhecerás então a extensão da Sua misericórdia; verás que, longe de te abandonar, Ele cumulará os desejos do teu coração. Porque Deus não é como os homens, que nunca se esque-cem do mal; Nele não há ressentimentos, mas uma terna compaixão para com as Suas criaturas. Assim, pois, purifica o teu coração de todas as vaidades do mundo, do mal e do pecado [...], e reza ao Se-nhor. Tudo obterás [...], se rezares com total confiança.
Se, porém, a dúvida tomar o teu coração, as tuas súplicas não serão ouvidas. Aqueles que duvidam de Deus são almas dúplices; nada obtêm daquilo que pedem. [...] Quem duvida, a menos que se converta, dificilmente será ouvido e salvo. Assim, pois, purifica a tua alma da dúvida, reveste-te da fé, porque a fé é poderosa, e crê firmemente que Deus escutará todas as tuas súplicas. E, se Ele tardar um pouco a ouvir a tua oração, não te deixes arrastar pela dúvida por não teres obtido imediatamente aquilo que pedes; esse atraso destina-se a fa-zer-te crescer na fé. Não cesses, pois, de pedir aquilo que desejas. [...] Não te per-mitas duvidar, pois a dúvida é perniciosa e insensata, roubando a fé a muitos, incluindo os mais firmes. [...] A fé é forte e poderosa; tudo promete e tudo obtém; a dúvida, que é falta de confiança, tudo mina.