A popularidade de Francisco não provoca ondas de convertidos, na verdade, nele há uma certa cultura estranha ou hostil ao Cristianismo

20.11.2014 -

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Explicou Sandro Magister...(jornalista italiano que escreve para a revista " L'espresso ". Ele é especialista em notícias religiosas, em especial sobre a Igreja Católica eo Vaticano)

A popularidade de Francisco “não provoca ondas de convertidos. Na verdade, nele há uma certa complacência com a cultura estranha ou hostil ao Cristianismo."

Mas,por que os discursos do Papa Bergoglio parecem tão contraditórios entre si?

No outono de 2013, uma conhecida intelectual sul-americana, docente universitária, Lucrecia Rego de Planas, que conhece bem Bergoglio e trabalhou com ele, fez um retrato do homem, onde, entre outras coisas, escreveu:

“(Bergoglio) ama ser amado por todos e agradar a todos. Neste sentido, ele poderia um dia fazer um discurso na TV contra o aborto e no dia seguinte, no mesmo programa de TV, abençoar as feministas pró-aborto na Plaza de Mayo; poderia fazer um discurso maravilhoso contra os maçons e, horas mais tarde, comer e beber com eles no Rotary Club. Esse é o Bergoglio que eu conheci de perto. Num dia ele estava conversando animadamente com Dom Duarte Aguer sobre a defesa da vida e da liturgia e no mesmo dia, durante o jantar, conversando animadamente com Dom Ysern e Dom Rosa Chávez sobre as comunidades de base e os terríveis obstáculos que representam ‘os ensinamentos dogmáticos’ da Igreja. Um dia, amigo do Cardeal Cipriani e do Cardeal Rodriguez Maradiaga falando sobre ética empresarial e contra as ideologias da Nova Era e, pouco mais tarde, como amigo de Casaldáliga e Boff, discorrendo sobre luta de classes e da ‘riqueza’ que as técnicas orientais poderiam doar à Igreja”.

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Assim, um vácuo de pensamento teológico e filosófico? Uma espécie de peronismo pastoral que contém tudo e o seu oposto? Sua formação cultural é realmente muito pobre (que ele chama de “pensamento incompleto”), mas a estratégia pastoral de seu ministério é muito evidente.

Carnaval

A incoerência dos conteúdos é uma escolha política que serve para atingir um fim preciso. Os fãs o aclamam: finalmente um papa moderno e secular. Na verdade, a bússola estratégica deste pontificado parece ser a “dessacralização”.

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E é isso que nos mostra – além do abandono dos “princípios inegociáveis” – muitas pequenas e grandes escolhas, aparentemente sem nexo lógico entre si. Desde a sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, na noite de 13 de março de 2013, quando ele se recusou a usar a estola sacerdotal e a mozzeta vermelha (símbolo do martírio de Pedro e da sua jurisdição) chamando-os de “fantasia de carnaval.”

Subitamente a mídia elogiou a “dessacralização” da instituição do papado percebida também em outros sinais, como o “boa noite” ao invés de “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo” e as quatro vezes que se referiu a si mesmo como “Bispo de Roma” e nunca como papa.

A dessacralização do papado (enquanto começava a construção do mito em torno ao homem Bergoglio) continuou, em seguida, com outras pequenas escolhas (tais como a recusa de viver no apartamento pontifício) e atitudes mais cheias de repercussão e consequências (embora ambíguas), como a frase “quem sou eu para julgar?”, a condenação do proselitismo católico e da chamada “interferência espiritual” (isto é, a influência cristã no mundo)

.E o Sínodo não é uma dessacralização flagrante da família? E o ato de não se ajoelhar mais diante do tabernáculo ou durante a consagração? E a admissão de todos à Eucaristia como ele já fazia em Buenos Aires?

E dizer aos cristãos que não existe  nenhuma “verdade absoluta”?

E o seu anúncio inédito de que “não existe um Deus católico” não é relativizar a fé?

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E sugerir — como fez em sua homilia do dia 20 de dezembro de 2013 – que Nossa Senhora aos pés da cruz “talvez tenha tido vontade de dizer: me enganaram” porque naquele momento as promessas messiânicas lhe pareciam “mentiras”?

Não é uma dessacralização da figura da Mãe de Deus? A doutrina católica sempre afirmou que — como lemos no Catecismo — “a sua fé nunca vacilou, Maria nunca deixou de acreditar no cumprimento da Palavra de Deus. Eis porque a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé”.

E poderíamos continuar mencionando também as piadinhas e o tom sarcástico (e às vezes pejorativo) contra os cristãos que rezam o rosário, os padres de batina, as freiras que estão jejuando, a perspectiva de profanação da liturgia e da vida de clausura.

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E depois tem também os “lugares”: o imã convidado a rezar no Vaticano (onde ele invocou Alá pedindo vitória sobre os infiéis), a Capela Sistina concedida à Porsche para um evento corporativo, o Leoncavallo (e outros grupos marxistas) recebidos e elogiados pelo Papa  no dia 28 de outubro (e convidados a voltar), Patty Smith contratada para o concerto de Natal no Vaticano. Falta apenas o ativista transexual Vladimir Luxuria que teve sua participação adiada na TV2000 (emissora da Conferencia Episcopal Italiana). E quando será a partida de basquete em São Pedro?

Naufrágio

Em vez disso, com Bergoglio o que se vê é uma sacralização de temas sociais, típicos da esquerda. É por isto que a Igreja na América Latina há décadas está um caos, é a igreja que possui a crise mais séria em todo o planeta: os últimos dados, que acabaram de ser divulgados pelo “Pew Research Center” confirmam esta queda vertiginosa de pertença à Igreja Católica na América Latina.

Agora essa mesma receita de fracasso está sendo aplicada a toda a Igreja. E em breve veremos as mesmas ruínas. Efeito Bergoglio.

Por Antonio Socci, 16 de novembro de 2014

Fonte: http://fratresinunum.com/  -  imagens  www.rainhamaria.com.br