Não Aguentamos Mais! (Carta ao Clero Italiano no ano de 1995) Divulgado por Católicos Conservadores Zelosos pela Doutrina e Tradição da Santa Igreja

18.04.2015 -

n/d

Nota de www.rainhamaria.com.br

Por Dilson Kutscher

Note que essa Carta ao Clero Italiano foi escrita no ano de 1995, portanto há 20 anos atrás. No entanto, parece mais atual que nunca. Hoje, passados 20 anos, a situação da Igreja se resume na declaração do Cardeal Burke, "a Igreja parece um navio sem leme". Ou como declarou o cardeal Brandmüller: "Os eclesiásticos que defendem uma mudança na doutrina católica são hereges, mesmo que sejam Bispos". Lembrando a Sagrada Escritura...

"Tropas sob sua ordem virão profanar o santuário, a fortaleza; farão cessar o holocausto perpétuo e instalarão a abominação do devastador". (Daniel 11, 31)

PORQUE...

"Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas.
Aquele que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em sua casa. E aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias! Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será.
Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados". (Sâo Mateus 24, 15-22)

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DIVULGADO POR CATÓLICOS CONSERVADORES, RELIGIOSOS E LEIGOS DO BRASIL, ZELOSOS PELA DOUTRINA, DOGMAS E TRADIÇÃO DA ÚNICA IGREJA INSTITUÍDA POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO (MT. 16,18)”

(E RECONHECENDO OS MESMOS MALES TAMBÉM NA IGREJA DO BRASIL, APÓIAM PLENAMENTE O DESABAFO DE SEUS IRMÃOS DA ITÁLIA, FAZENDO TAMBÉM NOSSAS, AS SUAS PALAVRAS.)


Traduzido do original italiano – Edições Segno, 1995.

Tradutor: Dom Manoel Pestana Filho

Editor: Diácono. Francisco Almeida Araújo.
 

"Porque o Mistério da iniqüidade já esta em ação,
apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém.” (2Ts. 2,7)


Caríssimos amigos.

Esperamos que dêem acolhida favorável a está carta aberta ao Clero italiano, e a difundam especialmente entre os sacerdotes.

Sentimo-nos na obrigação de pôr as claras tudo quanto de pouco edificante podemos todos, quase diariamente, constatar na vida da comunidade paroquial e religiosa de nossa Itália.

Não somos “progressistas” e tão pouco “conservadores”, mas simplesmente católicos convictos, modelados segundo o espírito e as leis da Igreja, e, neste momento crítico por ela vivido, opomo-nos ao laicismo que a ameaça em todos os níveis de sua estrutura...

Convidamos todos a que leiam e façam ler a presente, como fraterna expressão da solidariedade que nos une no amor de CRISTO e da Igreja.

Um grupo de leigos de várias regiões da Itália.

APRESENTAÇÃO
O livro que o amigo leitor tem a graça de ter em suas mãos, deveria ter sido dado a público, aos católicos brasileiros, em agosto do ano passado. Várias razões fizeram com que isto não acontecesse. Dentre elas a de desejar que um grande número de padres, e principalmente líderes leigos, lessem o texto em português. Todos foram unânimes em reconhecer que a situação da Igreja no Brasil é tão dramática quanto a da Itália, daí ser oportuna, necessária, a sua publicação em nosso país.

Infelizmente vivemos em tempos de apostasia, da perda da fé (2Tess. 2,3; Luc. 18,8).

Católicos verdadeiros hoje são uma minoria! Somos hoje o que era no princípio da Igreja; um pequeno rebanho. O Espírito nos diz: “Não temais!” (Lucas 12,32).

A caminhada do povo hebreu, na Antiga Aliança, quando fiel, é recapitulado na vida de Nosso Senhor JESUS CRISTO.

Também é verdade, que a Igreja e até o simples católico, quando fiel, recapitula a vida de Nosso Senhor.

Se isto é verdade, em que momento da vida de Nosso Senhor JESUS CRISTO, se encontra a Igreja? A resposta é simples, clara, estamos, enquanto Igreja Católica, na quinta-feira Santa, na escuridão da noite, no horto. O Corpo Místico de CRISTO sofre, e dormem os que devem velar. A Hierarquia dorme! Claro, há raríssimas exceções. Piores são os que se julgam despertos e, a serviço daquele Poder que há séculos conspira contra a Igreja, a estão demolindo. Melhor seria se estivessem dormindo...

Esta é a razão pela qual escolhi para a capa desse livro essa antiga escultura de JESUS flagelado. O Senhor, pelo seu Corpo Místico, a Igreja, continua a ser flagelado. Os piores inimigos estão dentro da Igreja. É Ele que sofre desde sempre.

Os piores inimigos entraram na Igreja: o modernismo e o liberalismo. O que tanto planejou e trabalhou a vil maçonaria, tornou-se realidade. Um falso e maldito ecumenismo corrói a Igreja.

Talvez o leitor ache que estou exagerando. Não, não estou exagerando, senão vejamos a palavra de certos membros da Hierarquia, a respeito da situação da Igreja hoje:

1º) Papa Paulo VI em 30/06/68: “Na Igreja também está REINANDO uma situação de incerteza. Tem-se a sensação de que, de alguma abertura tenha entrado a FUMAÇA DE SATANÁS no templo de DEUS”.

2º) Paulo VI (07/12/72 – Oss. Rom.): “ a Igreja está passando uma hora INQUIETA de AUTOCRÍTICA que melhor se diria de AUTODESTRUIÇÃO. É igual a um TRANSTORNO agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois do concílio. A IGREJA PARECE SE SUICIDAR, matar a si mesma”.


3º) Paulo VI (30/08/73 – Oss. Rom.): “A divisão e a DESAGREGAÇÃO infelizmente entrou em não poucos setores da Igreja”. A recomposição da unidade espiritual e real no interno da Igreja, é HOJE um dos mais graves e urgentes problemas da Igreja”. Veja caro leitor, que Paulo VI reconhece que o perigo é a desagregação da Fé!

4º) Paulo VI (23/11/73 – Oss. Rom.): “A abertura ao mundo foi uma VERDADEIRA INVASÃO DO PENSAMENTO MUNDANO DENTRO DA IGREJA.

Talvez nós fomos por DEMAIS FRACOS E IMPRUDENTES”.

Que triste verdade! Quanto mal a Igreja tem feito essa maldita cilada dos inimigos: a abertura ao mundo!

5º) Paulo VI ( 18/07/75 – Oss. Rom.): “Esperava-se que depois do Concílio haveria um período resplandecente de sol para a história da Igreja. PELO CONTRÁRIO, veio um sopro de nuvens, de TEMPESTADE E DE TREVAS!” O Concílio foi dominado por modernistas e liberais daí: “ Contradições... desagregações... desobediência... anarquia...!”

6º) Paulo VI (em entrevista ao filósofo francês, seu amigo, Jean Guitton): “Neste momento, existe um ABALO GRAVÍSSIMO EM QUESTÃO DE FÉ. Quando o Filho do Homem voltar, porventura ainda encontrará a Fé sobre a Terra?


Está acontecendo que se publicam livros onde a Fé é amesquinhada em pontos importantes. E O EPISCOPADO CALA-SE, E NÃO ACHA NADA ESTRANHO nestes livros.

Isto é estranho para mim”.

Outra triste verdade! Basta se ver os catálogos da chamada grandes editoras católicas. Basta dar olhada nas nossas livrarias ditas católicas...!

7º) Paulo VI (ao mesmo amigo Jean Guitton em 08/09/77): “ Neste momento há na Igreja uma GRANDE INQUIETAÇÃO. E o que está em questão é a Fé! O que me perturba quando considero o mundo católico, é que, DENTRO DO CATOLICISMO, algumas vezes, parece PREDOMINAR UM PENSAMENTO NÃO CATÓLICO; e pode acontecer que este pensamento não católico, DENTRO DO CATOLICISMO, AMANHÃ SEJA UMA FORÇA MAIOR NA IGREJA”. É PRECISO QUE SUBSISTA UM PEQUENO REBANHO, por menor que seja”.

Comentando: Paulo VI pode perceber que o erro, o joio, foi semeado dentro do Concílio Vaticano II e “previu” que o pensamento não católico, melhor seria dizer, anti-católico, haveria de predominar. Esta é a situação da Igreja: anarquia litúrgica, heresias ensinadas nos seminários, nas universidades pontifícias e que resultou na perda de mais de sessenta milhões de fiéis só na América Latina.

Felizmente há um pequeno rebanho, que perseguido, caluniado, procura salvar a Fé, pagando um alto preço, continuam FIÉIS Á NOSSO SENHOR, AO SANTO EVANGELHO E A TRADIÇÃO.

Sobre tudo isso falarei em livro que a quase 10 anos estou pesquisando e escrevendo.

O que acontece no tempo do perigo da heresia ariana se repete hoje... Quem tem ouvidos para ouvir ouça...

Os perseguidos, caluniados e até excomungados de hoje serão reconhecidos santos amanhã... A história se repete: lembremo-nos de Santo Atanásio, grande defensor da Fé.

8º) João Paulo II ( 07/02/81 – Oss. Rom.): “É NECESSÁRIO ADMITIR com realismo e sensibilidade, dolorosa e profunda, que hoje uma GRANDE MAIORIA DOS CRISTÃOS, sente-se DESNORTEADA, confusa, perplexa e DESILUDIDA. A mãos cheias estão sendo espalhadas idéias contrárias ás verdades reveladas, e ensinadas desde sempre.

ESTÃO SENDO ESPALHADAS HERESIAS VERDADEIRAS contra o Credo, a Moral, provocando confusão e revoltas. VAI-SE SOLAPANDO A LITURGIA, afundando no relativismo, intelectual e moral; na permissividade; caindo na tentação do ateísmo; agnosticismo, do iluminismo, de uma moral indeterminada, de um cristianismo sociológico, SEM DOGMAS DEFINIDOS e sem moral OBJETIVA”.

9º) João Paulo II (Quinta-feira Santa de 1980): “Queria PEDIR PERDÃO em meu nome e no de todos voz, no Episcopado, por qualquer motivo, por fraqueza humana... que possa ter PROVOCADO ESCÂNDALO e mal estar, acerca da interpretação da doutrina e da VENERAÇÃO DE VIDA A ESTE GRANDE SACRAMENTO, A SANTÍSSIMA EUCARISTIA”.

E pensar que se permite hoje, muitos bispos, que não só a comunhão seja dada na mão, como a âmbula e o cálice com as espécies consagradas fiquem sobre o altar (altar digo eu, para eles não é altar é mesa!!!) e os “fiéis” se sirvam como quiserem.

Isto e outras aberrações de missas celebradas como “sobre uma toalha no chão, e o sacerdote com os fiéis sentados ao redor celebram (Sic)!!!”

Tudo é válido menos ter mesa de comunhão, onde os fiéis de joelhos recebem o Santíssimo Sacramento sobre a língua.

E pensar que muitos desses bispos se dizem conservadores: Só se forem conservadores de sues cargos e funções. Tudo, menos conservadores da Fé e da TRADIÇÃO.

O livro de Apocalipse (cap. 12 e 17) fala de duas mulheres, a primeira é FIEL e a outra INFIEL...

A segunda acaba se sentando em seu trono em Roma.

Lembro-me da revelação de Nossa Senhora em La Salete-França... Sobre isso falaremos futuramente.

Cardeal-Primaz da Holanda Adrianus Simonis (Revista 30 Dias – Outubro/1995 pág.24): “Está em ato, na Igreja Católica, uma segunda REFORMA, AINDA MAIS PERIGOSA que a primeira ( refere-se á revolução luterana).

Trata-se de uma crise, DO PROFUNDO DA IGREJA CATÓLICA. E são colocados em DISCUSSÃO OS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS DA FÉ”.

Tenho viajado pelo Brasil todo, conversando com milhares de leigos, centenas de padres e alguns bispos. A situação da Igreja é crítica. A crise é grave e é de Fé.

Participei em 1982, numa reunião do clero de uma Diocese paulista e vi e ouvi um sacerdote reclamar que não sabia nada sobre a Santíssima Trindade. Que seu curso de teologia (numa pontifícia) ele pouco ouviu falar de DEUS mas muito de Marx. E pensar que Marx era um satanista...

E pensar que o comunismo matou mais pessoas que todas as Guerras da História... E pensar que tal “Teologia da Libertação”... que tem Marx e não o Evangelho como diretriz, como critério de análise da sociedade, causou o maior mal da História na Igreja da América Latina... E pensar que ainda existem comunistas... Verdadeiramente o comunismo é o crack (pior que o ópio, a cocaína, a heroína) dos pseudosintelectuais...

Graças a DEUS que ao sair do protestantismo não me deparei com um desses bofes da vida.

Se isto tivesse acontecido não seria católico... Sempre tive o bom hábito de visitar “sebos” (livrarias de livros usados) e comprei bons livros, verdadeiramente católicos (Leonel França, Murilo Teixeira Leite Penido e outros). Continuo garimpando em sebos. Os livros católicos anteriores a 1960 são, na grande maioria, bons. Hoje a maioria é heresia...

O mais triste é o número de leigos e padres que assinam revistas protestantes, compram livros protestantes. É bom lembrar que o ensino religioso nos seminários, a partir de 1960 foi caindo, caindo... caiu! Não sabendo nada sobre a sã doutrina aceitam qualquer novidade, qualquer fábula (Leia-se 2Tim. 4, Iss; Col. 2,22; Ef. 4,14). Estão se cumprindo as profecias. Hoje, as “palavrinhas mágicas” são: “doutor em teologia” e “moderno”.

Acontece que alguns de maus bofes, isto é, de má índole, vão para a Europa estudam em Universidades protestantes, analfabetos em sã doutrina, tornam-se herejes, voltam para o Brasil plagiam seus mestres alemães, protestantes, e, diga-se de passagem, o pior do protestantismo, um protestantismo decadente, mais que herético e chegando aqui na colônia desandam a falar e a escrever sandices ( e para melhor se passar por doutor tem que usar neologismo). A mídia, manipulada pela classe dominante, maçônica, lhes dá espaço porque o tal doutor é útil, não sei se inocente útil, mas que é útil aos inimigos da Igreja, não há dúvida. Pronto: surge o mito, o ídolo! Não se deve esquecer que a mídia (imprensa falada, escrita, televisiva) tem o cordão mágico de tornar herói um vilão e um vilão em herói. A mídia é o primeiro poder na colônia...

O protestantismo é a peste que contagiou padres e milhões de leigos... È um dos “ais” do Apocalipse...

Nesse universo de analfabetos letrados a palavra moderna se tornou sinônimo de verdade. Quanta estupidez!

Veja caro leitor, e não quero me alongar, pois terei tempo para isso em livro próprio, a situação caótica da Igreja. Trata-se de um convite dos católicos aos protestantes para o Congresso Ecumênico. Aconteceu na Escócia e foi assinado pelo Cônego Kenyon Wright: “ Os motivos que justificavam vossos receios, já não existem mais. De faro, o catolicismo, depois do Concílio Ecumênico Vaticano II, CHEGOU A ACEITAR AS DOUTRINAS DA REFORMA” (reforma, afirmo, um engano, uma mentira. O certo é uma Revolução Protestante). Continua o Cônego Kenyon: “O protestante pode verificar com toda tranqüilidade QUE A MAIOR PARTE DOS TEÓLOGOS CATÓLICOS DE HOJE, estão de acordo que na cristandade não há mais lugar para um sacramento que contenha UM RITO QUE É SACRIFÍCIO” (negação do sacrifício da Missa: O Kenyon é herege minha gente). Continua o infeliz Cônego: e que termina com a ADORAÇÃO de um pedaço de pão... e que acrescente um contexto de IDOLATRIA” (Setembro/1987).

Tempos de apostasia! Já dizia o grande Papa Leão XIII: “Eis que o inimigo e homicida se ERGUEU COM VIOLÊNCIA. Transfigurado em anjo de luz, com toda a horda de espíritos maus, cercou e INVADIU A TERRA, para que nela destruísse o Nome de DEUS e de CRISTO, e roubasse as almas destinadas a coroa da Glória Eterna, e as prostrasse e as perdesse na morte eterna.

O dragão maldito transvasou, como rio imundíssimo, o veneno de sua iniqüidade em homens depravados de mente e corruptos de coração: incutiu-lhes o espírito de mentira, impiedade, blasfêmia, e seu hálito mortífero de luxúria, de todos os vícios e iniqüidades.

As hostes astuciosíssimas encheram de amargura a IGREJA, Esposa Imaculada do Cordeiro, e inebriaram-na de absinto; puseram-se em obra para realizar todos os seus ímpios desígnios. Ali, onde está constituída a Sede do Beatíssimo Pedro, e a Cátedra da Verdade para iluminar os povos. Ai, colocaram o trono de abominação de sua impiedade, e assim, ferido o Pastor, dispersaram as ovelhas”.

Que grande Profeta foi este maravilhoso Papa, legítimo Sucessor de São Pedro!

Ouçamos o Espírito Santo que nos diz: “Batalhemos pela Fé que uma vez por todas foi confiada aos Santos” ( São Judas 3).

Somos o pequeno Rebanho! Graças a DEUS!

“O que é certo, é sempre certo, mesmo quando ninguém o pratica; o que é errado, é sempre errado, mesmo quando todos o praticam”.

Ainda que alguém, ou um anjo descido do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (Gálatas1,8).

Divulgue-o . Dê um exemplar ao seu pároco. Tenho certeza que boa parte dos católicos pensam igualzinho a estes irmãos católicos da Itália. Temos os mesmos problemas e os mesmos ideais. Venceremos!

Sou católico Graças a DEUS.

Diácono Francisco Almeida Araújo.

Festa da Mãe de DEUS.

Anápolis, 01 de Janeiro de 1997.

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Deveres do Clero... Velai sobre o rebanho de DEUS, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação; não como dominadores absolutos, sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho... E, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de Glória.” (1Pd. 5,2 – 4)


ATENÇÃO!
Nenhuma acusação. Tão somente constatação e apelos fraternos, apoiados em fartíssima documentação, sempre emanada da Hierarquia, com o objetivo de se promover a reforma do povo e sobretudo do Clero.

O Código de Direito Canônico, várias encíclicas pontifícias e um decreto conciliar que trata especificamente da participação dos leigos na vida da Igreja, autorizam-nos a manifestar nosso descontentamento, suscitado pela postura de certo clero secular e regular, nos âmbitos catequético, litúrgico e pastoral.

Com efeito, já desde o Vaticano II, numerosos pastores demonstram não haver ainda apreendido nem o espírito nem as disposições concretas do concílio, bem como não saberem ou quererem transmitir aos fiéis as diretrizes do Papa e as instruções de vários dicastérios da Cúria Romana, no tocante a uma cultura teológica mais séria, á exemplaridade de vida, á necessidade urgente de uma pastoral iluminada por um renovado espírito de fé.

É por isso que arbitrariedades e escândalos se vão multiplicando, que as nossas igrejas ficam desertas e o processo de laicização avança em todas as manifestações da cultura.

Não são outras as razões da inquietação que motivam estas páginas.

Agradecemos aos amigos sacerdotes a preciosa revisão do texto quanto á propriedade da linguagem e da documentação
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Somos crentes. Ou seja, cristãos, católicos, membros da Igreja, convictos do poder a ela conferido por seu Fundador, certos de que bispos e sacerdotes, em virtude do seu caráter, falam e agem na própria pessoa de CRISTO, e são por isso dignos de todo o respeito: sua autoridade é sobrenatural, o que impõe o dever de obedecer-lhes no que concerne ás nossas relações com DEUS, a nossa vida da graça.

Para melhor nos expressarmos, desejaríamos ter a maestria dos grandes apologistas do primeiro século, o zelo de Gregório VII e Catarina de Sena, a lealdade audaz e humilde de leigos, tais como Dante e Pascal, Ozanan, Bloy e Manzoni, na enérgica recusa de um “tradicionalismo” equivoco e presunçoso, que acabou por denegrir a tradição, perturbando a consciência dos melhores e desorientando o público.

Encorajados especialmente pelo Vaticano II, sentimo-nos no dever de externar nosso pensamento, livres do complexo de um falso pudor e de um mal entendido senso de reverência, que induziria a calar ainda, consentindo em que muitos continuem comportar-se contra a dignidade de seu caráter, contra a finalidade de sua missão.

Se realmente pretendem salvar o mundo, podemos assegurar-lhes que estamos bem informados acerca de tal necessidade: nossa voz é o eco fiel desses problemas e tragédias; da mesma forma, é certo que, inseridos no emaranhado de todas as situações e controvérsias, podemos reportar á Hierarquia as demandas, as razões do dissenso; informá-la sobre os escândalos e também, sem dúvidas, sobre as críticas por sua vez irreverentes se injustas.

Convidados a freqüentar os institutos de ciências religiosa existentes em quase todas as dioceses, não surpreende se nós procuramos exprimir segundo o conteúdo e a linguagem das escolas teológicas tradicionais.

Portanto, é este o “manifesto” da colaboração; gesto de fé e de amor, não de revolta. Podemos defini-lo como a voz de uma IGREJA SUBTERRÂNEA, constituída por muitíssimos fiéis desiludidos, tímidos, incapazes de manifestar a própria discordância em relação a tudo quanto certo Clero se permite fazer, e faz efetivamente, contra a sã tradição de um povo que se conserva fiel a Igreja, Mãe e Mestra.

II- CRÊEM AINDA DE FATO?

O primeiro dever dos senhores é o magistério como anúncio, interpretação e defesa do dogma; e é certo que os senhores, bispos e sacerdotes, são dignos de obediência apenas e na medida em que seus ensinamentos estejam em harmonia com o do Papa, que remonta à Tradição Apostólica.

Pedimos, então, que estejamos informados acerca de quanto a Igreja ensina, caso contrário não serão dignos de crédito. Suas opiniões pessoais não nos interessam, e poderão inclusive confundir-nos as idéias, suscitar dúvidas, provocar controvérsias, expor-nos ao perigo de nos levar á perda da fé.

Com efeito, sua catequese somente será válida se alimentada pela grande tradição dos Padres, dos teólogos e dos exegetas que concorreram para a maior compreensão dos ensinamentos dos Papas e Concílios. Por isto, ousamos ressaltar que, até o presente, várias de suas supostas novidades teológicas e bíblicas são as mais destrutivas dentre todas as correntes abertamente anticristãs.

A mais trágica e imperdoável de todas as negações, difundidas pelos teólogos e exegetas bíblicos que os senhores admiram e respeitam, atingiu o pensamento humano, declarado incapaz de conhecer a verdade do ser em si mesmo, substituída pela do ser em consciência, dissolvido no fluído de todas as opiniões e emoções da vida. Segui-se daí não somente a recusa da Revelação na historização de suas fontes, mas também o declínio do saber e de todos os valores da pessoa.

Mas, se os senhores aceitam ser revolvidos por uma cultura a tal ponto relativisada, cessam de ser “luz do mundo”, o que, por culpa própria, leva a confundir-se na obscuridade de todas as extravagâncias e absurdos.

Muitos sacerdotes e candidatos á sagradas Ordens, nas Universidades denominadas “pontifícias” só podem cultivar a ilusão de estar aprendendo teologia, pois hoje, com freqüência, as lições terminam numa rendição incondicionada às teses do protestantismo liberal, na negação do Magistério e dos anátemas de Trento, voltada para o escárnio ou a destruição daquilo que até aqui sempre cremos com relação a DEUS, á Bíblia, a pessoa de CRISTO, á historicidade do Evangelho, as prerrogativas da Virgem, aos poderes da Igreja, etc...

Que, então, ainda lhes resta para ensinar aos fiéis? Que razões podem aduzir para que ainda possamos crer nos senhores? A tendência a eliminar insensivelmente o “sagrado” faz temer que, por fim, se chegue a uma concepção deísta do Cristianismo, ou mesmo ao triunfo do humanismo ateu, almejado como definitiva conquista do pensamento humano mais evoluído.

Confirma-se tal temor, que chega a ser angustiante, se os fiéis observam o evidente embaraço em que os senhores se debatem quando pedimos para demonstrarem, por exemplo, com o devido vigor lógico, a existência de DEUS e conciliá-la com a realidade do mal... Ou quando se discute o fundamento objetivo da moral, da vida futura, de uma punição post-mortem,

Se, como única resposta, nos obrigam a crer, por se tratar, como dizem, de mistérios; ou então, se não tentam de algum modo tornar pelo menos crível a Revelação ou o que lhe é afim, recorrendo as grandes premissas da filosofia cristã, queiram dizer-nos: a quem devemos recorrer?

E a demais, é verdadeiramente estranha e injustificada a desenvoltura com a qual os senhores presumem haver liquidado a metafísica, escarnecendo até da tomística ou do ser, sem nunca haver compreendido nenhuma filosofia, não tendo jamais dedicado os melhores anos da vida a estudá-la.

Ainda que fosse só por isso, não se ofendem!, são dignos de compaixão.

Qual gênero de cultura, então, lhes devemos atribuir para que façam jus á consideração em que a sociedade sempre os teve? Não sendo especialistas em nenhuma das artes e profissões da vida civil, em qual ramo do saber, ou em qual gênero de atividade, poderão distinguir-se para que estejam aptos a pronunciarem-se com autoridade e serem ouvidos com seriedade e interesse?

Deveriam ser exímios na ciência de DEUS, ou seja naquela teologia que, em grande medida apoiada na metafísica, de que se falou constitui a espinha dorsal da cultura especificamente eclesiástica, que é a dos senhores... Porém, esta supõe uma sólida base de estudo de humanidade, exige uma profunda maturação filosófica, remete a um rico feixe de noções científicas e históricas. Ocorre, todavia, que muitos entre os senhores são quase jejunos de tal cultura. Não poucos desconhecem completamente, nem sequer falemos de Cícero e Horácio, o latim dos autores medievais, dos livros litúrgicos, do Direito canônico, dos documentos pontifícios... Ao lado destes, não faltam os que não sabem rezar em latim nem mesmo a Ave-Maria, o Glória Patri, o requiem, preces conhecidíssimas de nossas avós...

Isto não honra o Clero da Igreja Católica, a qual, não obstante seu “ecumenismo”, não poderá jamais renunciar a ser e a declarar-se romana.

Falam de “pastoral” em todos os tons e circunstâncias, mas não costumam refletir no fato de que será “pastor” antes de tudo se for mestre da verdade, guia seguro na “floresta selvagem” de todas as atuais aberrações doutrinárias, antigas e modernas precisamente aquelas que os senhores deveriam conhecer para saber refutar, ao invés de tolerá-las ou procurar conciliá-las com o dogma segundo um “sincretismo” que agrava os erros, aumenta a confusão, exaspera os espíritos. É absurdo afirmar que todos temos razão, quando se sustentam teses contrárias: a verdade é una, indivisível. O sacerdote católico, se é discípulo de CRISTO, tem o privilégio de poder dizer que “possui a verdade no bolso”, pois, a verdade não é sua, mas, ao contrário, de CRISTO, sendo o próprio CRISTO Verdade pessoal e eterna. Basta ouvi-Lo e ser-Lhe fiel para afirma-la com convicção, e poder ensina-la a todos.

O ecumenismo não é adaptação da verdade às doutrinas, às tradições, aos humores, aos interesses daqueles que a ignoram. Se assim fosse, JESUS não a teria sido seu mais ousado testemunho, tampouco teria sido condenado pelo sinédrio.

Ecumenismo é, sobretudo, clara, íntegra e forte transmissão e pregação da Verdade e do seu Mistério, o mais generoso gesto de amor, em cuja defesa cada qual se predispõe até o martírio.

Desde há muito, falam de “teologia para leigos” e, por toda parte, criaram-se centros bem organizados, abertos a homens e mulheres.

Entretanto, iniciativas como essas, para que sejam providenciais,não dispensam os senhores do gravíssimo dever de catequizar os fiéis das classes mais humildes, das regiões ou aldeias da periferia e do campo. O “salão nobre da escolástica” nunca poderá substituir a Igreja; o sacerdote sempre será mais experiente e eloqüente do que professor.

Mas, voltemos a teologia.

É notório que esta, quando ensinada sem prévia formação espiritual e filosófica, facilmente, pode tornar os fiéis presunçosos e arrogantes, engrossando assim a corrente de uma tão absurda quão ridícula “clericalização do laicato”.

Ora, sucedeu todavia o inconveniente (?) pelo qual, uma vez promovido o estudo da teologia para leigos, tornou-se-nos possível também um julgamento sério da ortodoxia dos senhores. Na verdade, o que sabemos do Cristianismo, aprendemo-lo dos senhores, não pudemos hauri-lo em outras fontes. E, então nossas observações de hoje são tão válidas quanto o magistério de ontem dos senhores. Nada, pois, temos de próprio, e é por isso que, sem presunção alguma, ousamos enviar-lhes este nosso fraterno desabafo, á luz da verdade por todos comumente crida e professada.

Hoje, a “lex orandi” (a lei da oração), embora diversa, nas fórmulas e nos ritos, de um sacerdote a outro, traduz uma “lex credendi” (lei da fé) que, freqüentemente, não parece definida, nem certa, nem unânime. Talvez a razão seja que a muitos falte uma clara estrutura lógica do pensamento, um sólido edifício metafísico, uma linear sistematização teorética do dogma, em suma aquilo que é necessário para formular os termos essenciais da questão considerada segundo a Revelação e a intervenção do Magistério. Assim, raramente em nossa Igreja, ouvimos um discurso ou meditação sobre o dogma trinitário que evite o escolho do politeísmo, e afirme a unidade indivisível da natureza de DEUS. E, sobretudo, o do modalismo, afirmando a real distinção das três Pessoas, nas quais Eles subsiste... Habitualmente, confundem-se, aduzem comparações, reportam-se a analogias; ao final, porém, titubeiam, pois não ousam enfrentar o problema segundo o método clássico dos admiráveis tratados, traduzindo em bom italiano os termos consagrados há mil anos pelos Padres da Igreja e por um verdadeiro exército de teólogos... Todos os seus esforços, ao contrário, parecem tendentes a nos persuadir da total impenetrabilidade do mistério, sem deixar à razão a mais tênue fresta de luz, que torne o mistério ao menos não contraditório.

Também julgamos procedente destacar o conteúdo dogmático da “liturgia natalina”. Segundo a catequese desembaraçada e superficial de muitos sacerdotes, a encarnação do Verbo poderia evocar qualquer coisa de análogo á da filosofia hinduísta do Visnu, ou a outra que ocorria no suposto processo de “metempsicose”. Poucos saberiam explicar-nos como realmente ocorreu a Encarnação, no que concerne aos supremos princípio do ser, desta maneira, acabam ignoradas as magníficas análises elaboradas pelos Padres da Igreja, os quais tiveram o mérito de preparar as definições de memoráveis Concílios ecumênicos. Não se trata de sutilezas de escola, mas do sentido inequívoco de fórmulas dogmáticas expressas em qualquer bom catecismo para adultos. Não pedimos mais que isso.

Todos deveríamos, entretanto, saber que a Igreja, rejeitando as duas maiores heresias, nestorianismo e monofisitismo, ensina crer que o Verbo subsiste nas duas naturezas, divina e humana.

A divina, aquela que Ele sempre teve em comum, indivisivelmente, com o Pai e a humana, que assumiu no tempo, e à qual comunicou o seu próprio ato do ser... Aprendemos assim, que apenas nesse sentido, o Verbo se encarnou, ou seja, fez Sua uma natureza humana perfeita, que nEle e por Ele subsiste e opera, distinguindo-se, porém, realmente da natureza divina.

É dessa tomada de consciência que deriva o inconfundível encanto do Natal, prestando-se a preciosos desenvolvimentos no âmbito da vida espiritual.

Quanto ao mistério pascal, parece que a catequese dos senhores procura fazer crer que a salvação teria sido operada pelo poder da Ressurreição, sendo entretanto de fé que a salvação se deve aos méritos da Paixão e Morte de CRISTO. Isto talvez porque, a alguns escape o sentido profundo da redenção, ou seja, a própria essência do Cristianismo, que refere necessariamente a realidade histórica do pecado como ofensa a DEUS e o conseqüente dever da expiação, decorre daí, exclusivamente, a redenção, como sendo a reconciliação com Ele e a recuperação de todos os bens que isso comporta.

Não é tudo, ainda.

Muitos dentre os senhores insistem exclusivamente no exercício da recordação da Oferta cruenta da cruz, a qual ficaria como que restrita ao passado, enquanto caberia ensinar o povo a elevar-se ao nível da pura fé para contemplar (não apenas recordar) o presente meta-histórica do MISTÉRIO da salvação, que transcende todos os tempos, é contemporâneo de todas e cada uma das gerações humanas.

Com efeito, enquanto a memória se refere a crônico e envolve os sentidos e o intelecto de todos (crentes e infiéis), a contemplação tem por objeto o dogma e exige, além da Revelação objetiva, o dom da fé, por meio da qual se faz abstração de todos os elementos concretos existentes no Calvário.

Isto porque, se a fé, ao contemplar, atinge a realidade atemporal do mistério em si mesmo, por sua vez os sentidos e a razão, ao recordarem, detêm-se no sinal humanamente perceptível que foi revelado aos contemporâneos, e que ainda agora pode ser evocado retrospectivamente pelos não-crentes.

Todavia, aos crentes é possível ultrapassar o sinal e fixar o mistério em seu presente imutável.

Não estabelecer a distinção entre os dois aspectos (ou vertentes) da obra redentora (acontecimento histórico da tragédia da cruz, e sentido do mistério, meta-histórico) está na origem de uma série de equívocos no que concerne à MISSA, AO SACERDÓCIO MINISTERIAL, À VIDA DA IGREJA.

Acreditamos, assim, haver tocado na raiz oculta dos lados obscuros, das distorções, das arbitrariedades e escândalos de que são responsáveis não poucos dentre os senhores, originando-se daí as reações e as vezes a apostasia dos fiéis.

III – “CUME E FONTE DE TODO O CULTO E DA VIDA CRISTÔ.

Se os dois aspectos assinalados se fundem um só, ou seja, caso o Sacrifício da cruz se tenha encerrado, sob todos os sentidos, no espaço e no tempo, como qualquer outro acontecimento histórico comum e irreversível, embora sendo o mais sublime de todos, depreende-se daí que:

- dada a unicidade e caráter irreproduzível do mesmo (sendo absolutamente perfeito), a Missa não pode ser o IDÊNTICO SACRIFÍCIO DA CRUZ, mas apenas uma COMEMORAÇÃO deste, conforme a teologia protestante condenada pelo Concilio de Trento;

- se, pois, a Missa não é um verdadeiro Sacrifício, não há necessidade de Padres para oferecê-lo: pois tal ofertante certamente não poderia ser CRISTO, uma vez que não pode repetir a oferta de Si mesmo, e muito menos outrem, que não teria nenhum poder sobre Ele para fazê-lo... Aos crentes, então caberia “cumprir um rito unicamente comemorativo do Sacrifício”. Tudo, exatamente, como afirmava Lutero, contra a doutrina católica..;

- mas, obviamente, negados o Sacrifício e o Sacerdócio, a Hierarquia eclesiástica (fundada nas sagradas Ordens) ficaria privada da única base que a sustenta;

- ora, com a Hierarquia, se negam também os poderes que regem a Igreja como sociedade visível; em razão do que, o Cristianismo se reduziria a uma qualquer doutrina ou mensagem religiosa entre tantas outras, e não poderia despontar como sendo a única inteiramente verdadeira e respeitável .

Para salvar a Igreja e, com ela, a ortodoxia de seu magistério tradicional, é preciso distinguir na obra salvífica de CRISTO os pontos supracitados: isto é, o acontecimento histórico de sua morte, que, conhecido por todos, faz o papel de “sinal” sensível, e o Mistério de Seu Sacrifício, conhecido apenas pelos fiéis.

A distinção, na realidade, enquanto atende a exigência da teologia protestante relativa a única imolação do Calvário, permite ao mesmo tempo fixar a noção de Missa como um verdadeiro e único Sacrifício, o mesmo, idêntico numericamente, ao que JESUS ofereceu sobre a cruz. Isso, ao invés de manifestar-se aos sentidos e a razão, debaixo das propriedades naturais de Sua Humanidade crucificada, revela-se à inteligência iluminada pela fé sob as propriedades naturais do pão e do vinho, distintamente consagradas e inteiramente transformados no Seu Corpo e no Seu Sangue.

Portanto, não há nenhum novo sacrifício, nem por parte de CRISTO, nem da Igreja, que opera por meio de seus sacerdotes. “A repetição numérica não concerne ao sacrifício, mas ao “sinal” deste, denominado também sacramento e que constitui precisamente a Missa, a qual, em toda parte e sempre reapresenta a única imolação do Calvário, á qual nada se pode acrescentar.

Está correto, pois, defini-la como SACRAMENTO DO SACRIFÍCIO. Sacramento, vale dizer, “sinal” não vazio, mas pleno e por isso rico de um valor absoluto, porquanto CONTÉM O PRÓPRIO CRISTO QUE SE TORNA PESSOALMENTE PRESENTE SOB AS ESPÉCIES EUCARÍSTICAS, EM VIRTUDE DA TRANSUBSTANCIAÇÃO.

“Presente no próprio ato de sua oferta ao Pai, realizada sobre a cruz, e agora expressa pela consagração do vinho, distinta da do pão, simbolizando a violenta separação do Sangue e do Corpo do verdadeiro Cordeiro que tira os pecados do mundo”.

Segue-se, daí, que os fiéis que hoje assistem à Missa não são menos privilegiados que as testemunhas oculares que ontem viram morrer o Salvador: o MISTÉRIO DO SACRIFÍCIO é idêntico, distinguindo-se apenas quanto “à forma ou sinais” sob os quais é oferecido.

Desta maneira, se as testemunhas de ontem viam e ouviam a CRISTO sob os despojos de Sua humanidade sofredora (assumida pelo Verbo), os crentes de hoje vêem e ouvem a CRISTO sob o aspecto de Seu ministro, transformado em instrumento do Seu único sacerdócio, enquanto exerce Seus mesmos poderes, por meio dos quais agem em Seu nome, em sua própria Pessoa.

Ora, o altar, a verdadeira, real e substancial presença de CRISTO, no ato atemporal de sua Oferta ao Pai, torna-se possível somente a partir da total conversão do pão e do vinho na SUBSTÂNCIA do seu Corpo e do seu Sangue.

Por meio deste prodígio, de fato, A TRANSCENDÊNCIA DO MINISTÉRIO DA SALVAÇÃO EM RELAÇÃO A TODOS OS LUGARES E TODOS OS TEMPOS CORRESPONDE A PRESENÇA EUCARÍSTICA DE CRISTO, a qual, referindo-se diretamente a SUBSTÂNCIA de seu Corpo e de seu Sangue, abstrai da diversidade de todos os locais e tempos em que se celebra, explicando como PODEM SER NUMERICAMENTE IDÊNTICOS O SACRIFÍCIO DA CRUZ E OS CELEBRADOS EM TODOS OS ALTARES DO MUNDO.

Decorre daí que a presença de CRISTO no Altar, proveniente da transubstanciação, condiciona necessariamente a realidade do Sacrifício eucarístico. Portanto, este não é o MEMORIAL DA IMOLAÇÃO NA CRUZ, MAS A IMOLAÇÃO EM SI MESMA, celebrada pelo próprio CRISTO por meio de Seus ministros, sob as aparências do pão e do vinho, sendo estes elementos sabiamente escolhidos por Ele para que os fiéis pudessem “consumir” a Vítima Divina depois de tê-La oferecido, exprimindo assim a própria reconciliação com DEUS, uma vez satisfeita a Justiça.

Compreende-se, pois, que a real PRESENÇA DE CRISTO GRAÇAS A TRANSUBSTANCIAÇÃO seja como que o ponto de convergência no qual se encontram e associam os aspectos principais do dogma eucarístico. Em suma, portanto, podemos sublinhar que:

- quem nega tal presença;

- nega também o “Sacrifício eucarístico”;

- logo, também o sacerdócio ministerial;

- conseqüentemente, a Ordem sagrada que o confere;

- e, com isso, a própria Hierarquia fundada sobre a Ordem;

- e, inevitavelmente, a Igreja como sociedade visível;

- á qual, pela mesma razão, se devem negar todos os poderes a Ela atribuídos, entre os quais o do MAGISTÉRIO INFALÍVEL;

- deduzindo-se, ainda, que suas decisões, quaisquer que sejam, no âmbito DA FÉ DOS COSTUMES, SERÃO SEMPRE QUESTIONÁVEIS.

O Catolicismo, nesta hipótese, constituiria apenas mais uma dentre as religiões que cada qual poderia escolher e professar livremente, segundo critérios pessoais, que independem de qualquer julgamento.

Reverendíssimos e amados sacerdotes, pedimos que não se surpreendam com estas precisões mais árduas que outra coisa. Não tivemos a pretensão de ensiná-los, pois somos “farinha do mesmo saco”, tudo aprendemos dos senhores e dos documentos do Magistério, e seria supérfluo fazer citações.

Quisemos relembrar pontos fundamentais do dogma, assim como as necessárias e relevantes premissas conexas, entre os aspectos mais importantes desta carta-aberta.

IV- O PIOR E MAIS ABSURDO DOS SUICÍDIOS

Sequem as últimas reflexões de nível dogmático que nos ocorre fazer, o nos atrevemos a tal, pois constituem repetição de tudo quanto a Igreja sempre ensinou a todos.

A) Sacerdócio ministerial supresso.

Influenciados pela teologia protestante, muitos dentre os senhores parecem pouco zelosos em relação ao próprio sacerdócio, isto é, aquele conferido pela Ordem sagrada, que imprime caráter, distinguindo-os dos simples fiéis. A cerca disso, com efeito, alguns repetem que o único sacerdócio de CRISTO é igualmente participado por todos os crentes, que, pelo Batismo, tornaram-se membros de Seu Corpo.

Os senhores mentem!

A catequese dos senhores vai suprimindo aquele “sacerdócio ministerial” que os torna representantes de CRISTO – CABEÇA, e lhes confere o poder exclusivamente dEle, pelo qual somente nos senhores e pelos senhores Ele consagra e absolve, abençoa, ensina, dirige.

Ora, supresso o sacerdócio decai a autoridade, de tal modo que, na comunidade eclesial, os senhores já não tem o que dar aos fiéis, nem eles o que receber. Não tendo nenhum poder a exercer sobre o povo, este não se vê obrigado a obedecer-lhes.

As únicas relações que restam são as invisíveis e independentes, de cada qual com CRISTO, seguindo-se daí um subjetivismo que abre caminho para a anarquia mais dissolvente.

Para evitá-lo, competeria ao fiel fazer-se governar por representantes livremente escolhidos segundo as normas de todo regime democrático... Seria, precisamente, o fim da Igreja tal como fora instituída por CRISTO: sociedade essencialmente hierárquica e monárquica.

B) Principalmente “sacrifício”, não “Banquete”
Muitos não gostam de ouvir isso de forma clara, pois só reconhecem a autoridade sagrada nos membros da Igreja revestidos do sacerdócio ministerial, essencialmente associado ao sacrifício eucarístico.

Não é outro o alvo de todos os desestabilizadores da Igreja, e infelizmente, a heresia protestante, não sem propósito, vai-se propagando em muitos ambientes católicos como a mais aberta desforra de Lutero.

De fato, a Missa é apresentada como Banquete, não mais como Sacrifício. Banquete de festa, porque CRISTO ressuscitou, e todos sabem que as “festas” constituem motivo de alegria, mesmo aquelas licitamente “descontraídas”, em que todos se dispõem a rir, cantar, dançar. Eis aí a alegre “assembléia” dos fiéis, que se sentam em torno da mesa, e não mais estão genuflexos junto ao altar, aos pés da cruz...

“Mesa” organizada não pelo “sacerdote” que na pessoa de CRISTO, sacrifica, mas por um qualquer “ancião” (presbítero) que, como representante dos comensais, preside o alegre encontro comunitário. E, assim, parte, distribui e consome o pão, símbolo da união de todos com CRISTO e entre si mesmos, co-celebrantes da glória de Sua ressurreição.

Estas as idéias, fatos e hábitos que, por todo parte, se firmam e difundem. De quem a responsabilidade? Dos senhores, principalmente, porquanto: ou muito não compreenderam os termos essenciais do dogma, ou toleraram e silenciaram, por uma mal entendida “abertura ecumênica”, ou não mais crêem no Mistério eucarístico, seduzidos pelas novidades heréticas reiteradamente condenados pelo Magistério.

C) Vendaval de profanações
Se a Missa é essencialmente um Banquete, e se neste os comensais podem comer e beber, e habitualmente o fazem, sem de fato se preocuparem com as migalhas de pão caídas, ou com os restos da bebida que permanecem no fundo do cálice, não espanta o fato de muitos padres não se preocuparem com os “fragmentos” da hóstia consagrada caídos no chão, que se dispersam e são depois lançados ao lixo.

Não é outra razão pela qual quase por toda parte foi abolida a “patena” usada sempre para impedir que isso ocorresse e, conseqüentemente, o Santíssimo fosse profanado. E explica-se também a naturalidade com a qual sacerdotes e fiéis (inclusive as freiras!) dão e recebem, respectivamente, a EUCARISTIA NA MÃO, tornando assim muitíssimo fácil que caiam e se espalhem os “fragmentos”, como previra e temera o próprio Paulo VI. Alguns há que depois de tocarem a hóstia, chegam a esfregar a mão na roupa. Temerão, talvez, que CRISTO tenha sujado suas vestes?!...

Responderão: - Certamente, não é esta a razão, e explicam; JESUS não mais está naqueles fragmentos. É o auge da inconsciência e da traição, pois:

- o Magistério definiu solenemente que a presença eucarística existe em toda a hóstia consagrada e em qualquer uma de suas partes, sejam grandes ou pequenas;

- admitida a transubstanciação, a presença eucarística refere-se a SUBSTÂNCIA do Corpo de CRISTO, não as DIMENSÕES do pão consagrado...

- Devendo-se tal presença propriamente á SUBSTÂNCIA do Corpo de CRISTO (e não as dimensões da hóstia) um só FRAGMENTO, AINDA QUE APENAS VISÍVEL, CONTÉM CRISTO INTEIRO, bastando assim para alimentar espiritualmente os fiéis...;

- Enfim, suposta uma presença eucarística condicionada as dimensões do pão, seria impossível definir COM EXATIDÃO O TAMANHO NECESSARIAMENTE EXIGIDO PARA AFIRMAR TAL PRESENÇA, e qualquer determinação nesse sentido seria inadmissívelmente arbitrária.

Concluindo: em quais fragmentos está ou não CRISTO?

Se não está nos fragmentos (quer sejam grandes ou pequenos), também não está na hóstia, que é formada dos fragmentos.

Pelo contrário, estes, destacando-se da hóstia, conservam as propriedades naturais do pão consagrado, constituindo deste modo “indícios inequívocos da substância” do Corpo de CRISTO.

Se isso não fosse verdade, o Mistério eucarístico constituiria a mais colossal das imposturas...

D) Secularização do Clero
Da eliminação do sacerdócio ministerial provém ainda o fenômeno da laicização do Clero e seu corolário, a clericalização do laicato. Na verdade, vários dentre os senhores, também na Itália, orientam os fiéis a pronunciarem as palavras da “consagração” conjuntamente com o sacerdote, PORQUE – dizem – A MISSA É CELEBRADA POR TODOS;o padre “preside”, não para celebrar, mas para concelebrar...

Escolhido democraticamente, limita-se ele a assegurar a boa ordenação da cerimônia; em função do que, sempre conforme alguns dos senhores, absolutamente falando, sem ele, o povo, reunido em assembléia, poderia celebrar validamente a Eucaristia: o importante é que todos participem do “banquete”, que substitui o Sacrifício, da mesma forma que a mesa substitui o altar...

Assim, reverendíssimos sacerdotes, os senhores caíram na rede da teologia protestante, que teve sua maior expressão no famigerado “ Novo Catecismo Holandês”, editado pela Elle Di Ci.

E) Abolição prática do “hábito eclesiástico”
Supressa a Hierarquia, o Clero automaticamente fica rebaixado ao nível dos leigos, dos quais não pode nem deve distinguir-se.

De fato, os padres, hoje, vestem-se como uns quaisquer, as premissas acima mencionadas prevaleceram sobre todas as prescrições do Direito Canônico e os renovados apelos do Papa.

O modismo vai-se generalizando.

Ora, abolido o “hábito eclesiástico “ – inclusive o “clergyman” – nas cidades e regiões da Itália católica, a Igreja, faz alguns anos, desapareceu... CRISTO, na pessoa de seus ministros, está ausente... No entanto, continuam a falar em “testemunho”, mesmo se muitos, em publico, envergonham-se de ser reconhecidos e apontados como sacerdotes (!).

Costumam distinguir-se, muito freqüentemente, por um equivoco traje “burguês” caracterizado pelo desleixo e pelo mau gosto... Moda, essa, que deixa transparecer lamentáveis deformações do corpo, grosseria de alma, péssimo gosto estético. É impossível definir quem sejam: se operários, camponeses ou simples desocupados...

Em compensação, tal indumentária parece-lhes cômoda, prática, e, sobretudo, deixa-os inteiramente livres para andarem com todos, entrarem em todos as casas, em logradouros, em ambientes equívocos; permite que sejam confundidos com as outras pessoas no cinema, nos estádios, nas praias; que circulem a noite, vejam e ouçam tudo quanto de torpe e violento a sociedade moderna oferece a todos.

Infelizmente, coisa um tanto estranha, até mesmo mulheres de má vida e homossexuais sabem reconhecê-los.

Muitos dentre os senhores imaginam que certas experiências, que a plena liberdade dos sentidos e do coração tornaram possíveis, contribuirão para amadurecê-los, desinibirem-se, libertarem-se de complexos, compreenderem a vida, prepararem-se para um ministério mais aberto e eficiente...

Os senhores se enganam!

Terão percebido que não mais conseguem recolher-se e refletir?

Perderam o hábito da oração; não mais sentem a necessidade de se unirem a DEUS no progressivo afastar-se das criaturas, da segurança econômica, das comodidades da vida. Muitas passagens do Evangelho afiguram-se-lhes obscuras, anacrônicas...

O exemplo dos santos, inclusive dos mais recentes, que estão na memória de todos, são tidos como superados... A liturgia, com suas rubricas, envolta no Mistério, reduziu-se a fórmulas e gestos desprovidos de sentido.

Desse modo, vão-se humanizando, como que arrastados pela correnteza de uma secularização que os torna presunçosos, fazendo-os descuidar-se de todas as preocupações, o que lhes embota a sensibilidade moral...

E é bem nisso que se enganam, ao serem liberais para com todos até o compromisso, e tomarem a consciência subjetiva como principal critério de juízo, acima de todas as normas.

Ora, consideramos o fenômeno alarmante, sobretudo nas relações dos senhores com as almas no sacramento da penitência...

F) Celibato não mais obrigatório
Eliminado o sacerdócio ministerial, que distingue o clero do laicato, o sagrado do profano, o celibato, enquanto consagração de todo o ser a DEUS, a Seu culto e a Sua causa, não mais se sustenta como lei imprescritível para todos os “presbíteros”.

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