Monsenhor Tihamer Toth: Haverá felicidade sem Deus?

20.10.2016 -

Mais cedo ou mais tarde a vida te ensinará quanto vou afirmando; entremente, quisera que me acreditasses.

Sem fé, sem esperança, sem amor de Deus não há verdadeira felicidade para o homem. Por que? Porque a alma foi criada por Deus e para Deus, e nosso coração está inquieto enquanto não acha descanso no Criador.

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A alma humana não pode encontrar a felicidade fora de Deus. Todo o universo está subordinado a leis próprias:

O astro não se detém, mas sem parar segue em sua órbita. O fogo só pode flamejar para o alto. A pedra vai unicamente para baixo. Experimenta misturar o óleo com a água; impossível, pois o óleo volta à tona. Tenta equilibrar água sobre azeite; impossível, ela desce. Tudo é regido pela natureza. Cada criatura move-se, turbilhona e procura seu lugar; a paz e quietude, só depois de acertar cada uma com sua posição natural.

Afasta a alma de Deus; ela fica desassossegada, agita-se, geme, procura, até encontrá-lo novamente.

Quando Lenau perdera a fé, difícil lhe foi descrever o vazio de sua alma desviada de Deus: O mundo era urna como cidade abandonada, varrida pela morte, ruas compridas e escuras, onde ele andava às apalpadelas. Em cada janela via o olhar tétrico da morte e da ruina … E escreve: Do coração senti ausentar-se a alegria

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Quantos moços começam a duvidar da fé, quando ouvem ou leem que este ou aquele homem ilustre foi incrédulo. Mas, que é o que os levou à negação de Deus? se a inteligência ou o coração, se a ciência ou a vida pecaminosa, não o afirmamos, mas podemos supor. A causa mais frequente da incredulidade é um coração corrompido, e não uma inteligência ilustrada; os múltiplos pecados, e não um grande saber.

A chama viva da fé só pode ativar-se em atmosfera pura; em ambiente viciado e sufocante ela apenas bruxo leia, desmaia e finalmente se apaga de todo.

Quero trazer-te algumas opiniões de ímpios, desprezadores de Deus e da religião, opiniões dadas numa hora em que é um pouco difícil disfarçar: na hora da morte.

O filósofo Schopenhauer, toda a vida foi inimigo do cristianismo. Mas durante uma dolorosa enfermidade suspirava frequentemente: “Meu Deus, é meu Deus!” O médico perguntou-lhe admirado: “Então há mesmo um Deus para o filósofo?” O doente replicou: “Na dor, vejo que a filosofia sem Deus nada vale; se eu convalescer, tomarei outro rumo”. Schopenhauer curou-se, mas esqueceu sua resolução. Outra vez atirado ao leito de dor, o médico lembrou-lhe o propósito que fizera. Furioso grita o ímpio: “Deixe esses fantasmas, tolices boas para as crianças; o filósofo não precisa de Cristo!” Na mesma noite morria o infeliz…

Heine, grande inimigo da religião, alguns anos antes da morte, escrevia a seu irmão: “Atrevidamente levantei a fronte contra o céu… e por isso estou agora atirado no pó, como um verme pisado. Glória e louvor a Deus nas alturas. Teu pobre irmão, Henrique”.

E o mesmo Reine, que em seus cantos glorificara o corpo como única fonte de felicidade, escrevia em seu testamento: “Há quatro anos rejeitei os frívolos sofismas da Filosofia, e retornei às idéias religiosas, ao único Deus. Morro na fé do Redentor do mundo, cuja piedade humildemente imploro”.

Há uma ótima ironia do escritor húngaro Gardonyi: “Seis sábios estavam sentados no barco já carcomido dum velho marujo. Entretinham-se a falar sobre a ingenuidade do povo, que acredita num Deus que não existe… O barco principiou a fazer água.

— Agora, quem puder é nadar — avisou o barqueiro.

— Ó meu Deus! gritaram então todos os seis.

Também Nietzsche, o atrevido blasfemador, que morreu louco, foi tomado de assustadora melancolia ao considerar sua vida árida e vã: “Onde hei de ir? A cada monte perguntei pela casa paterna… Em parte alguma achei meu lar… Onde está minha pátria? Pergunto, ansioso a procurei… Não a pude achar… Ó eterna angústia, ó eterno vazio, ó desespero!”

Em 1924 faleceu o romancista Anatole France, talvez o mais frívolo blasfemador e ímpio de todos os tempos. Por assim dizer, não escrevia senão livros imorais e irreligiosos. Graças a esses livros tornou-se riquíssimo. Tinha tudo o que desejava. Apesar disso, notam seus biógrafos, esse patriarca dos gozos desenfreados estava sempre mal-humorado e descontente. Seu secretário Bruisson conta que Anatole France declarou a um amigo: “Se pudesses ver meu coração, ficarias assustado. Não creio que haja homem mais infeliz do que eu. Muitos invejam minha ventura, e eu nunca soube o que fosse felicidade, nem um dia, nem um minuto sequer!”

Jovem, eis como a alma clama e suspira pelo paraíso perdido, por Deus… porque abandoná-Lo é perecer.

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