Inferno Existe

PROVAS E EXEMPLOS

A respeito das revelações dos videntes atuais: A Palavra de Deus nos diz: Atos.2,17-21: “Eis que nos últimos dias derramarei do Meu Espírito; e vossos filhos e filhas profetizarão e vossos jovens terão visões... ...e farei aparecer prodígios no Céu e sinais na Terra!”
Obs: Estas graves revelações con-firmam as Palavras de Jesus que está escrita na Bíblia: Mat. 7,13: Diz Jesus: “Espaçoso é o caminho que conduz à per-dição, e muitos andam por ele; E estreita é a porta e apertado o caminho da vida e poucos são os que o encontram!”
Atenção: Nas revelações dos vi-dentes atuais, Jesus explicou o significa-do destas Palavras no Mundo de hoje: Disse Jesus a Bento da Conceição (Pedro II) em 1999: “Se Eu voltasse agora me-nos de dez por cento sobrariam para Mim!” Jesus diz mais: “O inferno está tão cheio que quase não cabe mais ninguém de tantas Almas que lá estão!” E diz ainda: “Milhares estão caindo lá por dia!”
Por isso mesmo é que estamos di-vulgando esta revelação, para despertar as pessoas para a terrível realidade das Almas condenadas, que padecem horro-res nos Abismos infernais, nas garras dos demônios, que são reais, que existem de fato, enquanto muitos por aí, hoje em dia, dizem que o Inferno e os demônios não existem, e que isto são apenas “fan-tasias!” Porém, não se desespere pela gravidade destas revelações, mas sim procure utilizar deste conhecimento, pa-ra corrigir e mudar urgentemente, tudo aquilo que estiver errado em sua vida, porque esse é o objetivo de Jesus quando faz estas revelações para Seus videntes, para levar ao conhecimento das pessoas a realidade infernal, e o que nós devemos fazer, para não cairmos nesta mesma situação, quando chegar o fim da nossa vida Terrena!
Como evitar o Inferno? A resposta é:“Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mar. 1,15). Mas, é preciso cumprir o Evangelho conforme as tradições ensina-das pelo Espírito Santo aos primeiros cristãos, (II Tes. 2,15), que são: Ter uma só Igreja, a de Pedro, (Mat. 16,18), pois há uma só fé, um só batismo, (Efe. 4,5), confessar os pecados para ser perdoado, (Joã. 20,23), receber o corpo de Jesus, na Hóstia, (Jão. 6,53-54), comungando dignamente, (I Cor. 11,27-29), usar as vestes corretas, (Mat. 22,11-14), não aceitar a marca da besta, os chips, (Apo. 14,9-11), reconciliar com seus inimigos, (Mat. 5,23), perdoar para ser perdoado, (Mat. 6,14), praticar as bem-aventuran-ças, (Mat. 5,3), e a caridade, (Mat. 25, 34), aceitar Maria como Mãe, (Joã. 19, 27), e como Rainha, (Apo. 12, 1-5), enfim, não mudar um só til do que está na Palavra, (Mat. 5,18), Pois está escrito que, “aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Ato. 2,21), porém também está escrito que,“nem todos que dizem Senhor, Senhor serão salvos” (Mat. 7,21), mas sim “aquele que pratica a vontade de Deus Pai”, como está na Bíblia e nas Tradições!
Atenção: Para não apavorar nin-guém, colocamos agora uma frase que Jesus: “Tu, vem e segue-Me! Para Deus nada é impossível!” É que de-pois de ler estas visões você poderá pen-sar assim: Deste jeito ninguém se salva! Ora isso foi o mesmo que os Apóstolos perguntaram a Jesus, (Mat. 19,25-26). Mas Jesus disse bem claro: “Para Deus nada é impossível!” Neste “nada é im-possível” está um abismo de Misericórdia de Jesus! Não se apavorem então! Quem segue a Deus, não se perderá! Quem pede perdão nunca se perderá! Quem procura se converter e obedecer fiel-mente o Evangelho não se perderá! “Mesmo que seus pecados sejam enormes e horríveis, converta-se, e confie sempre na infinita misericór-dia de Jesus, que está pronto a perdoar um pecador arrependido!”
Texto: Divino França, Campina Verde - MG

A REVELAÇÃO DIVINA DEMONSTRA A EXISTÊNCIA DO INFERNO

Não há verdade tão inculcada na Sagrada Escritura como a da existência do inferno. Escritores inspirados falam dêle continuamente, para que os ho-mens, horrorizados com as penas que aí se sofrem abandonem o vício e se dêem à prática da virtude.
Os protestantes, que de nossa santa religião negaram quase tôdas as verdades mais difíceis de crer e praticar não souberam desfazer-se do dogma do inferno, pelo fato de ser frequentemente recordado nas Sagradas Letras. Por êste motivo, uma senhora católica, importu-nada por dois ministros protestantes a passar para a reforma, saiu-se com esta sensata resposta: – “Senhores, fizestes na verdade uma bela reforma, suprimis-tes o jejum, a confissão, o purgatório; infelizmente, porém, conservastes os inferno. Tirai também êste e eu serei dos vossos.”
Para não multiplicarmos as cita-ções, deixaremos o Antigo Testamento e viremos logo ao Evangelho, para ouvir a palavra de Jesus Cristo, que por bem quinze vezes proclama êste lugar de tormentas. E para causar em nós um temor salutar e dar-nos uma idéia justa do inferno, Êle o chama fogo inextin-guível, trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes, lugar de tor-mentos, fornalha de fogo, geena de fogo.
A geena era um vale perto de Jerusalém, onde alguns maldosos he-breus apóstatas de sua religião, sacrifica-vam a Moloc os tenros filhos, expondo-os antes ao fogo. O piedoso rei Josias, para abolir êsse bárbaro costume, fêz aterrar o vale, ordenando que se lançasse aí a imundície da cidade e os cadáveres aos quais fosse negada a sepultura; e como medida profilática, conservava-se sem-pre aceso o fogo. O nosso Divino Salva-dor, para tornar mais sensível a idéia do inferno, tomou a imagem dêsse vale, que os hebreus abominavam, dando-lhe pre-cisamente o nome de geena.
Na parábola do rico epulão, tão fecunda de ensinamentos e que é tão importuna aos ricos gozadores do mun-do, Jesus nos ensinou que o mau uso das riquezas conduz inevitavelmente ao in-ferno, enquanto as dificuldades e as pri-vações suportadas por amor de Deus levam ao lugar de eterna felicidade.
“Havia um homem rico, que se vestia de púrpura, e de linho e que todos os dias se banqueteava esplendidamen-te. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, o qual coberto de chagas, estava deitado à sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e ninguém lhas dava; mas os cães vinham lamber-lhe as chagas.

“Ora, sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão.
Morreu também o rico, e foi sepul-tado no inferno. E, quando estava nos tormentos, levantando os olhos, viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio; e, gritando disse: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo, para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nesta chama. E Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste os bens em tua vida e Lázaro, ao contrário, males por isso êle é agora consolado e tu és ator-mentado.
E, além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de aí passar para cá. E disse: Rogo-te pois, ó pai, que mandes à casa de meu pai. Pois tenho cinco irmãos para que os advirta disto e não suceda virem também êles para êste lugar de tormentos. E
Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Ele, porém disse-lhe: Não, Pai Abraão, mas se algum dos mortos for ter com êles, farão penitência. E êle disse-lhe: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão ainda que ressuscitaste algum dos mortos”. (S. Lucas, XVI, 19-31).
Eis aí descrito com vivas côres aquêle reino de dor, onde um fogo abra-sador e horrível atormentará sem um instante de trégua o mísero condenado: uma gôta, só uma gôta de água pedia o epulão para mitigar os ardores insupor-táveis da sêde, e essa gôta foi-lhe negada sem dó! Ai! quem de vós, branda aos ímpios o Profeta Isaías, cheio de espanto, quem de vós poderá habitar nesse fogo devorador? Nesses ardores sempiternos?
Ao final da parábola, acena-se à repugnante incredulidade de tantos infe-lizes que vivem engolfados nos vícios, não fazendo caso das verdades eternas, nas quais não creriam nem mesmo se aparecesse algum réprobo para lhes atestar a existência do inferno. Qual não será o seu desespero ao verem-se um dia sepultados naquele abismo de tormen-tos, sem a mínima esperança de saírem de lá?
Alhures, Jesus Cristo descreve o juízo universal que êle fará no fim do mundo, e a sentença de eterna conde-nação que pronunciará contra aqueles que não praticarem as obras de miseri-córdia para com os seus irmãos, e que serão precipitados no fogo inextinguível, preparado para o demônio e seus sequazes.
Quanto temor não causa à alma a consideração dêste trecho do Evangelho! Ah! se os libertinos, que negam com tan-to atrevimento a vida futura, refletissem um pouco, certamente mudariam de vida! Fruto desta meditação foi aquela poesia tão sublime do Dies irae, que é o gemido de uma alma tôda compenetrada do terror do juízo divino e da sorte eterna que a espera depois.

“Quando vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com Ele, então se sentará sôbre o trono da sua majestade, e serão tôdas as gentes con-gregadas diante dêle, e separará uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda.

“Então o Rei dirá aos que estive-rem à sua direita: Vinde benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está prepa-rado desde o princípio do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sêde, e destes-me de beber; era pere-grino e recolhestes-me; nu, e me vestis-tes; enfêrmo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me. Então lhe responderão os justos, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer; sequioso e te demos de beber? E quando te vimos peregrino, e te recolhemos; nu, e te vestimos? Ou quan-do te vimos enfêrmo, ou no cárcere e fomos visitar-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Na verdade vos digo que tôdas as vezes que vós fizestes isto a um dêstes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à esquerda:
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado para o demônio e para os seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sêde, e não me destes de beber; era pe-regrino, e não me recolhestes; nu, e não me vestistes; enfêrmo e no cárcere e não me visitastes. Então êles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, ou sequioso, ou peregrino, ou nu, ou enfêrmo, ou no cárcere, e não te assistimos? Então lhes responderá, dizendo: Na verdade vos digo: tôdas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequeninos, a mim não o fizestes. E êstes irão para o suplício; e os justos para a vida eterna.” (S. Mateus, XXV, 31-46).
E para tornar entre o povo mais familiar, diria quase visível o pensamento do inferno, usa a comparação dos rebentos e da videira.
“Eu sou a videira e vós os reben-tos. O que permanece em mim e eu nêle, êsse dá muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não perma-necer em mim, será lançado fora como o rebento, e secará, e enfeixá-lo-ão, e o lançarão no fogo, e arderá.” (S. João, XV, 5-6).
Falando depois, dos escândalos, o nosso bendito Salvador, de ordinário cheio de doçura e mansidão toma um tom terrível e os ameaça de condenação eterna.
“Ai do mundo por causa dos escân-dalos! Porque é necessário que sucedem escândalos; mas ai daquele homem pelo qual vem o escândalo! E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor te é entrar na vida manco, do que, tendo duas mãos, ir para o Inferno, para o fogo inextin-guível, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
E se o teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno, num fogo inextinguível, onde seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
“E se o teu ôlho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um ôlho, do que tendo dois, ser lançado no fogo do inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. Porque todo o homem será salga-do pelo fogo, e tôda vítima será salgada com sal”. (S. Marcos, IX, 42-48).
Santo Tomaz explica que êsse ver-me que não morre é o remorso da cons-ciência, que para sempre há de atormen-tar o condenado no inferno; remorso pelo grande bem que perdeu, êle que tinha tantos meios de se salvar.
A expressão será salgado pelo fo-go significa que, assim, como o sal con-serva as coisas, assim o fogo, no qual os condenados serão imersos, aos mesmo tempo que crucia atrozmente os conser-va sempre em vida. Aí o fogo consome, diz S. Bernardo, para conservar sempre. Neste trecho faz-se alusão manifesta aos sacrifícios legais que os hebreus tinham sempre diante dos olhos, e onde estava prescrito que se aspergisse com sal a vítima que era oferecida a Deus: na ver-dade, os condenados são como vítimas da divina justiça.
Eis como Jesus Cristo, prevendo os assaltos que os incrédulos e libertinos dariam ao dogma do inferno, o proclama continuamente no Evangelho. Quanto a nós, permaneçamos inabaláveis em nos-sa crença, certos da existência do inferno, como da existência do sol, da lua e das outras coisas que nos rodeiam. Deus nô-lo revelou e ensina por meio da Igreja, e a palavra de Deus não falha.

TESTEMUNHAS DE ALÉM-TÚMULO

Em sua infinita misericórdia, Deus, depois de haver revelado o dogma do inferno, tem permitido, de onde em onde, que alguma alma venha da eter-nidade para confirmar-nos a existência daquele lugar de penas. Tais aparições são mais frequentes do que comumente se crê; e quando são atestadas por pes-soas idôneas e fidedignas, tornam-se fatos inegáveis, que se admitem como todos os outros fatos da história. Apres-so-me, porém, a declarar que não enten-do trazer esses fatos como argumento principal e básico com que se demonstre e se estabeleça o dogma do inferno, por-que este nos é demonstrado pela palavra infalível de Deus; narro tais aparições somente para confirmar e elucidar essa verdade, e como argumento de salutar meditação.
Monsenhor Luiz Gastão Ségur, no seu áureo opúsculo sobre o inferno narra três fatos, cada qual mais autêntico, acontecidos não faz muito tempo.

* * *
O primeiro, diz ele, sucedeu quase em minha família, pouco antes da terrível campanha de 1812, na Rússia. Meu avô materno, o Conde Rostopkine, governa-dor militar de Moscou, era intimamente relacionado com o general Conde Orloff, tão valoroso quanto ímpio.
Um dia, após a ceia, o conde Orloff e um seu amigo, o general V…, volteriano como ele, puseram-se a ridicularizar a religião e sobretudo o inferno:
– Mas…, disse Orloff, e se houves-se alguma coisa além do túmulo?
– Neste caso…, diz o general V…, o primeiro que morrer virá avisar o outro; de acordo?
– Pois não, responde Orloff.
E ambos prometeram seriamente não faltar à palavra.
Algumas semanas após, desenca-deou-se um daquelas guerras que Napo-leão sabia suscitar; o exército russo foi chamado às armas, e o general V… rece-beu ordem de partir incontinenti para um posto de comando.
Duas ou três semanas depois da partida de Moscou, quando meu avô se levantara, bem cedo, viu abrir-se brusca-mente a porto do quarto e entrar o conde Orloff, com roupa de dormir, de chinelos, cabelo em desalinho, olhos esbugalha-dos, pálido como cera.
– Oh! Orloff vós aqui a esta hora? Neste traje? Que aconteceu?
– Meu caro, responde Orloff, eu perco a cabeça; vi o general V…
– Oh! Ele já voltou?
– Não, continua Orloff, atirando-se a um divã, não, não voltou, e é isto que me espanta.
Meu avô nada compreendia e pro-curava acalmá-lo.
– Contai-me, então, lhe disse, o que aconteceu e o que significa tudo isto.
Fazendo grande esforço para se acalmar, o conde Orloff contou o se-guinte:
– Meu caro Rostopckine, não faz muito, o general V… e eu, juramos que o primeiro que morresse, viria avisar o outro se há de fato alguma coisa além do túmulo. Ora, pela madrugada, enquanto estava tranquilo na cama, acordado, sem pensar no amigo nem no juramento, abre-se de repente o cortinado do meu leito e vejo, a dois passos de mim, o general V… de pé, desfigurado, com a mão direita no peito, e me fala: “Existe um inferno, e eu lá estou…” e desa-pareceu. Na mesma hora corri até cá; eu perco a cabeça! Que coisa estranha! não sei o que pensar!
Meu avô tranquilizou-o como pôde: falou-lhe de alucinação, fantasia… que ele talvez estivesse dormindo… que às vezes dão-se casos extraordinários, inex-plicáveis… E procurava persuadi-lo com outros meios termos, que apesar de nada valerem, servem para consolar os céti-cos. Mandou preparar o coche e acom-panhou o conde à sua casa.
Dez ou doze dias depois deste estranho acontecimento, um estafeta do exército comunicava ao meu avô, entre outras coisas, a morte do general V…
Naquela madrugada em que o conde Orloff o tinha visto e ouvido, o infeliz general, saindo a estudar a posição do inimigo, foi varado por uma bala e caiu morto.
“Existe um inferno, e eu lá estou…”
Eis as palavras de um que veio do outro mundo!

* * *
O segundo fato é referido pelo mesmo autor, que o tem por indubitável, como o precedente, pois o ouviu da boca de um respeitabilíssimo eclesiástico, su-perior de importante comunidade, o qual por sua vez, soube os pormenores me-diante um parente da senhora, com a qual se deu tal fato. Naquele tempo, isto é, por ocasião do Natal de 1859, ela ainda vivia e contava pouco mais de quarenta anos.
Achava-se essa dama em Londres no inverno de 1847 e 1848; enviuvara aos 29 anos, era muito rica e muito amiga dos divertimentos mundanos. Entre as pessoas elegantes que frequentavam a sua casa, notava-se especialmente um moço, cujas contínuas visitas a compro-metiam não pouco e cuja vida estava longe de ser edificante.
Uma noite, a senhora lia não sei que romance para conciliar o sono. Ouvindo bater o relógio, apagou a vela e dispunha-se para deitar, quando perce-beu, com grande assombro, que uma luz estranha e pálida vinha da porta do salão contiguo e espalhava-se a pouco e pouco no quarto, aumentando sempre. Não sabendo o que era, do pasmo passou ao medo; eis senão quando, viu abrir-se lentamente a porta do salão e entrar no quarto o jovem desregrado, o qual, antes que ela pudesse pronunciar palavra, aproximou-se, tomando-a pelo braço esquerdo, apertando-lhe fortemente o pulso, e com aceno desesperado, lhe fa-lou em inglês:
– Existe o inferno!
Foi tão grande o susto que a se-nhora perdeu os sentidos. Voltando a si, tocou nervosamente a campainha para chamar a criada, que a tendeu; entrando no quarto, esta sentiu logo um cheiro de queimado e chegando-se à ama, que com dificuldade articulava umas palavras pôde ver que tinha ao redor do pulso uma queimadura tão profunda que a carne desaparecera e ficava à mostra o osso. Observou além disso, que da porta do salão até o leito e do leito à porta do salão estava impressa a pegada de um homem, que tinha queimado o pano de parte a parte. Por ordem da ama, abriu a porta do salão, e notou que lá terminavam as pegadas no tapete.
No dia seguinte, a desditosa se-nhora soube com aquele medo que bem se compreende, que alta noite, o tal mo-ço se embriagara com excesso, e trans-portado para casa, veio a morrer pouco depois.
Ignoro, acrescenta o superior, se esta terrível lição tenha convertido a infeliz dama; o que sei é que ela ainda vive e para esconder aos olhares curiosos o sinal daquela sinistra queimadura, leva no pulso, à guisa de bracelete, um largo enfeite de ouro, que não deixa nem de dia nem de noite. Repito que os particu-lares eu os tive da boca de um seu parente próximo, católico sincero, a cuja palavra presto fé. Os parentes não falam do ocorrido e é por isso que tenho o cuidado de ocultar o nome da família.
Apesar do véu, no qual esta apari-ção foi e deveu ser envolvida, não me parece, acrescenta Monsenhor Ségur, que se possa pôr em dúvida a formidável autenticidade.

* * *
O terceiro fato aconteceu na Itália.
Em 1873, em Roma, alguns dias antes da Assunção, uma moça, bastante má, machucou uma das mãos. Levaram-na para o Hospital da Consolação. Ou porque o sangue estivesse muito dete-riorado ou porque sobreviesse grave complicação, a infeliz morreu naquela noite.
No mesmo instante uma de suas companheiras, que não sabia o que acontecera no hospital, pôs-se a gritar desesperadamente, a tal ponto que acordou toda a vizinhança e provocou a intervenção da polícia.
A companheira que morrera no hospital apareceu envolvida em chamas e lhe disse: –“Estou condenada, e se não queres condenar-te também, sai deste lugar infame e volta a Deus.”
Nada consegui acalmar a agitação da jovem, que bem cedo abandonou aquela casa, deixando a todos atônitos, especialmente depois de divulgada a notícia da morte da companheira, no hospital.
Aconteceu que, logo depois, a proprietária da casa, uma garibaldina exaltada, caiu doente, mandou logo cha-mar um padre, dizendo que queria rece-ber os sacramentos. A Autoridade Ecle-siástica delegou para esse fim um digno sacerdote, Monsenhor Piroli, pároco de S. Salvador em Laura. Munido de especiais instruções, ele se apresentou e exigiu, antes de tudo, que a doente fizesse, perante testemunhas, plena retratação de suas blasfêmias e insultos contra o Sumo Pontífice e declarasse que afastaria as ocasiões de pecado. Sem a menor hesitação, a infeliz promete e então se confessa e recebe o Sagrado Viático com grandes sentimentos de penitência e humildade.
Pressentindo o seu fim, a pobre mulher, com lágrimas nos olhos suplicou ao padre que não a abandonasse, ame-drontada como estava por aquela apari-ção. Assim, teve a grande graça de ser assistida nos últimos momentos pelo ministro de Deus.
Toda a Roma conheceu logo os particulares desta tragédia. Como sem-pre, os ímpios e os libertinos fizeram dela objeto de chacota, abstendo-se, à apos-ta, de obter oportunas informações; mas, de sua parte, os bons aproveitaram para se tornarem melhores e mais exatos no cumprimento de seus deveres.

“O Filho do homem enviará seus Anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lançarão na forna-lha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandece-rão como o Sol. (Mt 13, 41-42).

HORRENDOS SUPLÍCIOS DO INFERNO

Vicente de Beauvais, no livro 25 de sua História, refere o seguinte fato, acon-tecido pleno ano 1000.
Dois libertinos fizeram uma combi-nação: o primeiro a morrer viria à terra participar ao companheiro em que esta-do se achava. Morreu um deles, e Deus permitiu aparecesse ao amigo: era hor-rendo, parecia sofrer duramente e suava em bicas. Enxugou a fronte com a mão e deixou cair uma gota de suor no braço do companheiro, dizendo-lhe:
– Eis qual é o suor do inferno; dêle terás um vestígio até à morte.
E assim foi, pois aquele suor infer-nal queimou-lhe o braço, penetrando na carne com dores inauditas.
Bom para êle que soube aprovei-tar-se de tão terrível lição e retirou-se para o convento.

* * *
Em 1873, Nova Iorque foi teatro de um incêndio, cujas circunstâncias apre-sentam a imagem do inferno.
O Circo Baunum foi assaltado pelo fogo; tigres, ursos, leões e outras feras foram queimadas vivas nas suas jaulas. À medida que o fogo se propagava, crescia o desespêro das feras, sobretudo os tigres e ursos tornavam-se cada vez mais furiosos. Atiraram-se com supremo es-fôrço contra as grades, já incandescen-tes, da prisão, e eram rechaçados quais massas inertes, para de novo se arroja-rem contra o insuportável obstáculo que os aprisionava.
Os rugidos dos leões, os urros dos tigres e o aulidos das outras feras se misturavam formando um som pavoroso, que parecia reproduzirem aquêle que devem ouvir os condenados no inferno.
Mas as notas deste tétrico concêrto aos poucos foram-se enfraquecendo, até que, quando o leão soltou o último urro, ao medonho alarido sucedeu o silencio da morte.
Imaginemos, agora, nestas jaulas de ferro candente, não as feras, mas ho-mens; e homens que em vez de morre-rem no fogo continuam a viver, e teremos uma ideia do inferno, ideia, aliás, muito imperfeita.

* * *
A história registrou, para perpétua execração, as truculências de alguns tira-nos, que mais do que homens pareciam monstros.
Fálaris, tirano de Siracusa, confec-cionou um touro de bronze para prender dentro os rebeldes e fazê-los morrer a fogo lento, aceso ao redor. Quem pode descrever os espasmos do supliciado? Gritava, debatia-se aquelas estreitas pa-redes, que se tornavam candentes e tor-mentos indescritíveis!… Todavia, essas penas terminavam; o condenado terá suplícios infinitamente maiores e por tôda a eternidade.
Nero mandava que se cobrissem os corpos dos cristãos com pixe e outros combustíveis, e depois, colocados nos postes, ao longo das alamedas, eram acendidos à tarde, para iluminar, en-quanto êle passeava no coche, insultan-do-os bàrbaramente nos padecimentos.
Maxêncio amarrava as suas vítima a cadáveres, rosto com rosto, tronco com tronco, membros com membros, e as deixava nesse horrível estado até que o mau cheiro das carnes corrompidas lhes acabasse com a vida.
Astiáges, rei da Armênia, conde-nou S. Bartolomeu Apóstolo a ser esfo-lado vivo.
Não menos horrível o suplício a que foi submetido o diácono S. Lourenço.
Estenderam-no sôbre uma grelha e por baixo espalharam brasas, de ma-neira que aos poucos fosse sentindo os ardores e mais longa e vivamente duras-se o tormento.
Cozida uma parte do corpo, volta-ram-no do outro lado, para que cada membro tivesse seu sofrimento; e assim neste lento e atroz martírio, rendeu a alma a Deus.
São talvez êsses os suplícios do inferno? Qual! apenas a sombra, uma pálida ideia.
* * *
Fala-nos o Padre Nierenberg de um jovem que levava uma vida aparen-temente cristã, mas odiava a um inimigo; e conquanto frequentasse os Sacramen-tos, nutria para com êle sentimentos de vingança, que Jesus Cristo obrigava depor.
Morrendo, apareceu ao pai, todo envolvido em chamas, e disse-lhe que se condenara por não ter perdoado ao seu inimigo, e chorando exclamou:
– Ah! se tôdas as estrêlas do céu fossem como línguas de fogo, não tradu-ziriam os tormentos que sofro.

* * *
PURGATÓRIO

Os dois fatos seguintes se referem propriamente ao fogo do purgatório, mas não vêem fora de propósito, já que os teólogos afirmam que o mesmo fogo que atormenta os condenados no inferno, pu-rifica também as santas almas do purga-tório, e que o purgatório é um inferno temporário.
Na vida de Santo Estanislau Kostka, dominicano polonês, lê-se que um dia, quando estava rezando pelos finados, viu uma alma tôda devorada pelas chamas.
Compreendeu que se tratava de uma alma do purgatório que implorava suflágios, e a interrogou se aquêle fogo era mais penetrante que o nosso.
– Ai de mim! respondeu a mísera, todo o fogo da terra, comparado com o do purgatório é como um sôpro de ar fresquíssimo.
– Mas, isto é impossível! exclamou o frade. Desejaria mesmo experimentar, com a condição de que isto aproveite para me fazer descontar aqui uma parte das penas que terei de sofrer, um dia, no purgatório.
– Nenhum mortal, replicou então aquela alma, poderia suportar-lhe a míni-ma parte, sem morrer no mesmo instan-te, se Deus não o sustentasse. Se queres converter-te, estende a tua mão.
O dominicano, em vez de intimi-dar-se ofereceu a mão: e o defunto dei-xou cair sôbre ela uma gota de suor. Estanislau desmaiou no mesmo instante, soltando gritos agudos. Acudiram logo os frades assustados e o encontraram des-falecido e com a mão chagada. Levado para cama e medicado, recobrou os sen-tidos; mas não se levantou mais, sempre atormentado por terríveis dores causa-das pela chaga na mão; e morreu depois de um ano, durante o qual não cessou de exortar os irmãos à penitência para evitarem os rigores da justiça divina.

* * *
Um virtuoso sacerdote, enquanto estava exorcizando um energúmeno, perguntou ao demônio que penas sofria no inferno. A resposta foi esta:
– Um fogo eterno, uma maldição eterna, uma raiva eterna e um desespêro cruel por não poder mais ver Aquele que me criou.
– Que farias para que te fosse concedido ver a Deus?
– Para vê-lo, mesmo por um ins-tante, estaria pronto a sofrer num minuto tôdas as penas que devo sofrer em dez mil anos… Mas, vãos desejos, hei de sofrer sempre e não O tornarei mais a ver.
E foi tal o tormento e o desespêro com que pronunciou estas palavras, que deixou funda impressão naquelas que assistiam aos exorcismos.

EU NÃO CREIO EM NADA

– Eu não creio em nada, dizia-me duma feita um dêsses doutores da impie-dade, com empáfia.
– Como? Vós não credes em nada? repliquei. Então não credes na existência da América, da Oceania…
– Oh! Certamente que sim; queria dizer, não creio em nenhuma coisa sobre-natural.
– Mas, porque credes na existên-cia da América e da Oceania, que nunca vistes?
– Tem graça! Creio porque o afir-mam os geógrafos e muitas pessoas que perlustraram essas regiões.
– E se credes na existência de coi-sas que nunca vistes, só porque o dizem os homens, porque não credes na exis-tência do inferno, do juízo, revelada pela palavra infalível de Deus, confirmada pela razão e proclamada pela voz de todos os povos?
O livre pensador deu de ombros e não soube responder; mas, nem por isso se converteu. Custava-lhe tanto deixar sua vida desregrada e praticar a virtude!
Como são dignos de compaixão êsses libertinos! Pretendem destruir o inferno, negando-lhe a existência; mas, quem nega uma coisa não consegue eli-miná-la. Se eu negasse a existência da América ou da África, não conseguiria riscá-las da face do globo, mas subsis-tiriam, não obstante minha negação. Negai, negai quanto
quiserdes a existência do inferno, que apesar disso o inferno continuará a existir e a queimar as suas vítimas, e um dia se abrirá para vós e vos sepultará naquelas chamas, se vos não corrigirdes de vossas desordens. A vossa fanfarrice e a vossa negação estulta não apagarão certamente aqueles ardores sempiter-nos, ao contrário, servirão para os au-mentar e fazer-vos afundar mais naquele abismo.
Quanto mais vos obstinardes na infidelidade e na negação do inferno, tanto mais acumulareis pecados e culpas para expiar na eterna prisão.

NÃO VOLTOU NINGUÉM DO OUTRO MUNDO PARA NOS DIZER QUE EXISTE A ETERNIDADE

Não há tal. Se consultardes a His-tória, vereis como frequentes vezes Deus permitiu, em todos os tempos viesse alguém dizer-nos da existência das ver-dades que Ele revelou. Muito de indústria êsses doutores da impiedade omitem o estudo dos fatos; e depois sentenciam do alto de suas cátedras que nunca ninguém levantou a cabeça da sepultura para nos dizer que existe algo depois da morte.
A história da Igreja na Polônia re-gistra um fato importantíssimo, sucedido em 1070, com Santo Estanislau, bispo de Cracóvia. Trata-se duma prodigiosa res-surreição, perante muita gente, nume-roso clero e magistrados.
Boleslau, rei ímpio e cruel, movera contra o santo bispo Estanislau uma feroz perseguição; entre outras coisas, acirrou de ódio contra o Bispo os herdeiros de um Pedro Miles, que tinha morrido três anos antes, deixando para a Igreja uma de suas terras. Os herdeiros, certos do apoio do rei, processaram o santo, e tendo subornado ou intimidado as testemu-nhas, conseguiram que Estanislau fosse condenado à restituição do terreno.
O santo, vendo que falhava a jus-tiça dos homens, apelou confiantemente para a de Deus e conseguiu suspender a condenação, prometeu chamaria como testemunha o próprio testador que jazia havia três anos na sepultura. Com efeito, depois de três dias de jejum e orações, o santo Bispo se dirige com todo o clero à sepultura de Pedro Miles.
Aberto o túmulo, encontraram, co-mo se previa, poucos ossos num monte de pó, e já os adversários se alegravam, certos da vitória.
Mas o santo com voz majestosa ordena ao cadáver que ressuscite, em nome d?Aquele que é ressurreição e vida; e num pronto aquêles ossos se aproxi-mam, cobrem-se de carne, na presença de uma imensa multidão possuída de grande terror.
O Bispo tomou-o pela mão e o levou diante de Boleslau para certificar a verdade da doação feita, confundindo destarte o rei e os herdeiros.
Perguntou-lhe depois se preferia voltar à sepultura ou viver ainda alguns anos na terra; êle respondeu que, con-quanto pelos seus inúmeros pecados estivesse no purgatório, onde sofria mui-to, preferia tornar a morrer do que ficar nesta terra tão miserável em que poderia sempre ocorrer o perigo de se condenar eternamente.
Suplicando as orações do santo bispo para se libertar logo do purgatório, foi levado processionalmente ao seu sepulcro, aí entrou e ficou no estado de antes.
“Santo Estanislau, Bispo e Mártir é comemorado em 11 de abril. Foi elevada a memória obrigatória pelo Papa João Paulo II.”

LEMBRANÇA SALUTAR DO INFERNO

O pensamento do inferno é fecundo de magnânimas resoluções. Quantos se santificaram meditando naquele terrível sempre e naquele terrível nunca! Quan-tos deixaram o pecado e se entregaram à virtude ouvindo um sermão sôbre o inferno! A lembrança daquelas chamas eternas dava fôrça aos mártires para suportarem os mais cruéis tormentos e caminharem alegres para a morte. Quem pensa no inferno suportará com paciên-cia os males dêste mundo, reputando-os insignificantes em comparação com os da eternidade.
O Padre João Eusébio Nierenberg, glória da Igreja de Espanha pela doutri-na, pela santidade, pela direção escla-recida de muitas almas, teve dez anos antes de morrer tantos sofrimentos e tão excessivos que passava por certo enve-nenado da Babilonia! Ele trilha a passos agigantados a caminho da perdição; e como é difícil deter-se e voltar atrás!
E êste pecado traz muita vez con-sigo o sacrilégio, mormente nos jovens.
Confessam-se sem dificuldade das culpas cometidas contra a obediência, a caridade as outras virtudes; mas têm ver-gonha de revelar ao confessor as faltas cometidas contra a bela virtude. O de-mônio tira-lhes a vergonha no ato de cometer o pecado e depois lhes restitue no momento da confissão. E então co-mentem um sacrilégio, depois outro e mais outro, até que a justiça divina cansada, abre para êsses infelizes a porta do inferno.
Sirvam os seguintes exemplos para causar salutar temor e preservar-nos de impureza e de sacrilégio.

* * *
Santo Antônio de Florença refere nos seus escritos um fato terrível, que pela metade do século XV encheu de pavor todo o norte da Itália.
Um rapaz de boa família, que na idade de 16 para 17 anos tivera a des-graça de calar na confissão um pecado mortal e de comungar nesse estado, ia adiando, de semana em semana, de um mês para outro, a confissão para êle tão penosa dos seus sacrilégios. O santo arcebispo não menciona qual fôsse o pe-cado oculto, mas parece que tenha sido uma culpa grave contra a bela virtude. Atormentado pelos remorsos, em vez de descobrir com sinceridade a sua mise-rável condição, procurava a paz fazendo grandes penitências; mas inutilmente.
Não agüentando mais os contí-nuos assaltos da consciência entrou num convento, pensando: – Lá, ao menos, confessar-me-ei bem e farei penitência dos meus pecados: Por sua desgraça foi recebido como um moço de vida exem-plar, pois os superiores sabiam da boa reputação de que gozava; e por isso, também aqui a voz da consciência para outra ocasião, e dois, três anos passou-se em tal deplorável estado, sem ter a coragem de se confessar.
Afinal uma doença parecia-lhe trou-xesse oportunidade: – Desta vez, dizia consigo o infeliz, manifesto tudo e faço uma confissão geral antes de morrer.
Mas, também desta vez não foi sincero na acusação; fez tantos rodeios que o confessor não compreendeu nada; esperava confessar-se melhor no dia se-guinte, mas surpreendido por uma crise, expirou miseravelmente nesse estado.
Na comunidade, ignorando todos o seu triste fim, cercaram de veneração o defunto; o corpo foi transportado para a igreja do convento, onde ficou exposto no côro até as matinas do dia seguinte, quando se fariam as exéquias.
Uns minutos antes da hora mar-cada para a cerimônia, a um dos frades que fora tocar o sino aparece o morto amarrado de correntes afogueadas com não sei que de incandescente que lhe transparecia em tôda a pessoa. O frade caíu de mêdo, mas cravou o olhar naque-la terrível aparição; então o réprobo lhe falou: – “Não rezeis por mim, que estou no inferno para sempre.” E contou-lhe a lamentável história de sua maldita ver-gonha e dos seus sacrilégios. Depois desapareceu, deixando na igreja um odor pestífero que se espalhou por todo o convento, como para atestar a verdade do que o frade tinha visto e ouvido.
Advertidos os superiores fizeram remover de aí o cadáver, julgando-o indigno de sepultura eclesiástica.

* * *
Narram as crônicas de S. Bento de um solitário de nome Pelágio, que encar-regado pelo pai da guarda do rebanho, levava vida exemplar, tanto assim que todos lhe chamavam santo. Assim viveu muitos anos. Mortos os pais, vendeu as poucas coisas que lhe deixaram, e se retirou para o ermo.
Uma ocasião teve a desgraça de consentir num pensamento desonesto. Cometido o pecado, caiu em profunda melancolia porque não queria confessá-lo, para não perder a fama em que era tido. Resolveu fazer penitência, sem con-fessar o pecado, iludindo-se a si mesmo que Deus talvez lhe perdoasse sem confissão. Entrou num convento, onde foi recebido pela sua boa fama, e aí viveu vida austera. Chegou a hora da morte e êle se confessou pela última vez; mas como por vergonha ocultara o pecado durante a vida, assim deixou de o contar na hora da morte. Depois de receber o viático morreu e foi sepultado como o mesmo conceito de santo.
Na noite seguinte o sacristão en-controu o corpo de Pelágio em cima da sepultura e o enterrou outra vez; como, porém, o encontrasse desenterrado três noites consecutivas, avisou o abade, o qual foi ao sepulcro com outros frades, e:
– Pelágio, disse, tu foste sempre obediente durante a vida, obedece-me também agora depois de morto; dize-me: é talvez vontade divina que o teu corpo tenha lugar reservado?
O infeliz defunto dando um for-midável grito respondeu:
– Ai! eu estou condenado por um pecado que não confessei; olhe, senhor abade, para meu corpo.
E o seu corpo, nêsse instante, apareceu como um ferro em brasa, que mandava chispas. Todos fugiam espa-voridos; mas Pelágio chamou o abade para que lhe tirasse da boca a partícula consagrada que ainda se achava aí. Depois disto, Pelágio disse que o tirassem da igreja e o lançassem no monturo, e a ordem foi executada.
* * *
Conta o Padre João Batista Manni, jesuita, que houve uma pessoa que por muitos anos calou na confissão um pecado de desonestidade.
Passaram por aquêle lugar dois frades dominicanos; ela, que sempre esperava um confessor estranho, pediu a um dêles que a ouvisse em confissão. Saindo da igreja, o companheiro contou ao confessor, que observara que, en-quanto aquela senhora se confessava, saiam de sua bôca muitas serpentes; mas, que uma enorme serpente apenas pôs para fora a cabeça e entrou de novo; e então voltaram tôdas as outras.
O confessor, suspeitando o que isso pudesse ser, correu à casa daquela senhora; na porta lhe disseram que ela ao chegar à sala caira morta.
Depois disto, apareceu-lhe, du-rante a oração, a pobre mulher vestida de fogo e disse: – Eu sou aquela mulher que me confessei contigo, cometendo um sacrilégio; eu tinha um pecado que não queria confessar aos sacerdotes da cida-de; Deus mandou um confessor de fora, e foste tu, mas também nessa ocasião deixei-me vencer pela vergonha e logo a justiça divina me castigou, tirando-me a vida apenas cheguei à casa, e justamente me condenou ao inferno.
Tendo assim falado, abriu-se a terra onde se precipitou e desapareceu para sempre.

* * *
Na vida de S. João Maria Vianney, mais conhecido pela expressiva alcunha de Santo Cura d?Ars, lê-se a luta terrível que deveu sustentar contra satanaz, furioso por causa das inúmeras almas que o santo sacerdote arrancava da eterna perdição. A povoação de Ars foi testemunha do ocorrido e vivem ainda muitas pessoas que poderiam confirmar o que relatamos.
O demônio lhe aparecia sob for-mas horríveis para perturbar-lhe o breve repouso que tomava num pobre catre. Às vezes a casa parecia invadida por uma turba de leões, tigres e serpentes e pelos quartos e corredores ressoavam rugidos, assobios e urros; outras vezes aparecia no meio das chamas; corriam os paro-quianos para salvar do incêndio o seu querido pastor, mas o fogo de súbito se apagava. Os mais robustos e os mais corajosos experimentaram dormir na casa paroquial, mas de noite fugiam de mêdo, enquanto o santo sacerdote, bem sabendo que o demônio não pode fazer nenhum mal sem a permissão do céu, descansava tranqüilo sob as asas da proteção divina.
Quando operava uma conversão prodigiosa, a raiva da antiga serpente não tinha limites e redobrava os esforços para vingar-se da presa perdida. Uma noite o demônio ateou fogo no seu pobre leito, outra vez o atirou no chão com violência, sem, porém o machucar, e muitas vezes o chamava com voz rouca, reprovando a guerra que lhe movia.

* * *
Na vida de S. José Cottolengo se encontra também a aparição do nosso eterno inimigo e vivem ainda muitas tes-temunhas. Geralmente todos os santos tiveram lutas corporais e visíveis contra o príncipe das trevas, pelo zêlo que mos-traram na salvação do próximo e pelas vitórias que alcançaram do próximo e pelas vitórias que alcançaram contra o mundo, a carne e o inferno. Portanto, veio alguém do outro mundo a provar-nos a existência das verdades eternas: veio até o chefe dos anjos rebeldes.
Fonte: O Inferno Existe - Provas e exemplos - Pe. André Beltrami, SDB.

O JUÍZO PARTICULAR

A) O que é o juízo particular?
Muitos dizem que com a morte acaba tudo. Essa afirmação é falsa e perigosa.
O juízo particular é o encontro da alma com o juiz, isto é, a mesma com-parece perante o juiz para prestar contas do bem e do mal que fez na terra e tam-bém do bem que deixou de fazer.
Quando uma pessoa morre, é jul-gada imediatamente: “E como é um fato que os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento” (Hb 9, 27), e em Rm 14, 10.12 diz: “Pois todos nós compare-ceremos ao tribunal de Cristo… As-sim, cada um de nós prestará contas a Deus de si próprio”, e em 2Cor 5, 10 diz: “Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente pe-rante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal”.

B) Onde o juízo particular se efetua?
Santo Afonso Maria de Ligório diz: “O juízo particular se efetua no mesmo instante em que o homem expira, que no próprio lugar onde a alma se separa do corpo é julgada por Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual não delega seu poder, mas vem ele mesmo julgar esta causa”, em Jo 5, 22 diz: “Porque o Pai a ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento”.

C) Qual é a matéria desse juízo?
A matéria serão as nossas ações, as nossas obras, na medida em que as ações humanas são resultado do que pensamos e queremos: “Vós dais a ca-da um segundo as suas obras” (Sl 61, 13).
Edouard Clerc diz: “Os nossos atos são bons ou maus, nunca indiferentes, isto é, nunca destituídos de valor moral”, isto é, ninguém poderá usar de desculpas esfarrapadas na hora do juízo particular para cobrir a sua preguiça e relaxamento espiritual.
O juízo versará também sobre o modo como se correspondeu às graças recebidas de Deus, e como se utilizaram os seus dons para amar o Senhor e fazer bem ao próximo. É importante meditar sobre:
A Parábola dos talentos (cf. Mt 25, 14-30).
Desgraça para as cidades às margens do lago (cf. Mt 11, 20-24).
Parábola da figueira estéril (cf Lc 13, 6-9).
A nós, também nos serão pedidas contas do que tivermos feito com os dons divinos. E o que é que Deus nos deu? Ora, absolutamente tudo: a vida natural e a vida sobrenatural pelo Batismo, e tudo aquilo que elas implicam. O templo da nossa vida, as qualidades pessoais, as próprias coisas materiais e até o dinheiro de que necessitamos são dons de Deus.
Os teólogos dizem: Cada alma adquire naquele momento, inesperada-mente iluminada pela imensa luz de Deus, a consciência nítida e clara de tudo o que fez de bom e de mau na vida. E como esse conhecimento procede de Deus, está livre de erro e de qualquer esquecimento; a sua evidência impõe-se por si.
Pode-se dizer, pois, que a alma se julga a si mesma, sem poder alegar circunstâncias atenuantes, pois enxerga à luz da eterna Verdade todo o mal que cometeu e o bem que deixou de fazer, entristecendo-se com ele, mas também todo o bem que realizou, maravilhando-se com ele.
Uma vez que esse veredicto da alma sobre si mesma é evidente, não há necessidade de nenhuma espera, nem a possibilidade de nenhum recurso. A exe-cução do Juízo é, portanto, instantânea: uns entram no Paraíso ou no Purgatório, à espera do céu, e outros no Inferno para sempre.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.

O INFERNO

A) O inferno existe?
Sabemos que o inferno existe! A verdade de sua existência é um dogma. Tão certa é a existência do inferno como é certa a existência de Deus.
Eis algumas provas da existência do inferno:
a) Mt 25, 30: “E ao servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”.
b) Mt 25, 41: “Então dirá tam-bém aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado pa-ra o demônio e para os seus anjos”.
c) São Francisco de Sales: “Os condenados estão no abismo do in-ferno, como desventurados habi-tantes dessa cidade de horrores”.
d) Santo Afonso Maria de Ligório: “Aquele que entrar uma vez no in-ferno jamais sairá de lá”.

B) Quem vai para o inferno?
Vai para o inferno aquele que mor-re no pecado mortal. Para quem se en-contra em estado de pecado mortal, o Inferno começa imediatamente após a morte.

C) O inferno é eterno?
Em Mt 25, 46 diz: “E estes irão para o suplício eterno”, e Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Se o inferno não fosse eterno, não seria inferno”.
A eternidade do Inferno é de fé; não é simples opinião, mas sim, verdade revelada por Deus. São Bernardo de Claraval escreve: “Ali o fogo consome de tal modo que conserva sempre”.
A duração do inferno não é de 30 anos ou 50 anos, mas é eterna; infeliz e estúpido daquele que por um minuto de prazer, escolhe uma eternidade de sofri-mentos. Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Se o inferno durasse, não cem anos, mas apenas dois ou três, já seria loucura incompreensível que por um instante de prazer nos condenássemos a esses dois ou três anos de tormento gravíssimo. Mas não se trata de trinta nem de cem, nem de mil, trata-se de sofrer para sempre penas terríveis, dores sem fim, males incalculáveis sem alívio algum”.
Eusébio Emeseno escreve: “No inferno só há porta para entrar e não para sair... o poço não fecha a sua boca, porque se fechará a aber-tura em cima e se abrirá embaixo para devorar os condenados”.

D) O fogo do inferno
Em Mt 25, 41 diz: “Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno”.
O fogo do Inferno é real, mas não se assemelha ao fogo que conhecemos, incapaz de exercer qualquer ação sobre um espírito, sobre a alma. Significa, pois, um queimor interior muito grande, seme-lhante ao sofrimento que experimenta-mos pelo remorso ou pelo desespero. Santo Agostinho escreve o seguinte: “Comparando as chamas da terra com as do inferno, as da terra são como fogo pintado”, e São Vicente Ferrer diz que as da terra é “gelo” com-parando com as do inferno.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “O condenado estará dentro dessas chamas, envolvido por elas, como um pedaço de lenha numa for-nalha. Terá um abismo de fogo de-baixo de seus pés, imensas massas de fogo sobre sua cabeça e ao der-redor de si. Estará submergido em fogo como o peixe na água. E essas chamas não cercarão apenas o con-denado, mas penetrarão nele, em suas próprias entranhas, para ator-mentá-las. Todo o corpo será pura chama; arderá o coração no peito; as vísceras, no ventre; o cérebro, na cabeça; nas veias, o sangue; a me-dula, nos ossos. Cada condenado converter-se-á numa fornalha ar-dente”, e no Sl 20, 10 diz: “Tu os pões como um forno aceso, ao mostrar-lhes teu rosto (irritado). O Senhor os consuma com a sua ira, e o fogo os devore”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.

ORAÇÃO PARA EVITAR
O INFERNO

JESUS amabilíssimo, meu Salva-dor e Juiz, quando vierdes a me julgar, peço-Vos, por piedade não me conde-neis ao inferno. Nessa negra prisão, não Vos poderia amar, mas odiar-Vos sem-pre; como, porém, odiar-Vos, se sois sumamente amável e tanto me haveis amado? Se, for condenado ao inferno, concedei-me ao menos a graça de Vos amar de todo o meu coração. Não me-reço esta graça por causa dos meus pecados; mas se não a mereço, para mim a merecestes, pelo preço que pagastes, derramando o vosso sangue cravado na Cruz. Numa palavra, ó meu divino Juiz, infligi-me todas as penas que quiserdes, mas não me priveis da faculdade de Vos amar.
Maria Santíssima, Mãe de meu Deus Salvador, vede o perigo que corro de ser condenado a não poder mais amar o vosso adorável Filho, que mere-ce um amor infinito: Ah! Vinde em meu socorro e tende compaixão de mim. Amém.

A ORAÇÃO MAIS PODEROSA CONTRA AS CILADAS DO DEMÔNIO É O SANTO ROSÁRIO

OS TRÊS SONHOS
(Céu, Purgatório e Inferno)

AUTOR: MONSENHOR EYMARD L´E. MONTEIRO
(obs: Não confundir com os sonhos de Dom Bosco)

Com autorização eclesiástica do Exmo. e Redmo. Senhor Dom Marcolino, Arcebispo de Natal

VISITA AO CÉU

O mesmo anjo que, na vez passada, me levou ao Purgatório, veio chamar-me para ir ao Céu. Ele me havia dito que, em qualquer noite, poderia voltar para me fazer gozar, ao menos em sonho, a pre-sença de Deus Onipotente, na eterna bem-aventurança. Passei a semana a esperar pela surpresa agradável. E, jus-tamente, nesta noite, eu havia adorme-cido muito cansado pelos trabalhos e fadigas do dia, com muitos problemas e preocupações. Antes de rezar, fiquei pen-sando que seria uma boa oportunidade se aquele belo anjo me viesse buscar para ver o Céu.
E foi isto o que aconteceu!
Movido apenas por um sinal do meu companheiro divino, vi-me, de repente, na amplidão do infinito, atravessando as nuvens, subindo, sempre subindo. Uma alegria indescritível se apoderara de mim e, à proporção que ia subindo, sentia-me tão leve, tão diferente, que não pude deixar de fazer minha primeira pergunta:
Para onde me levas, anjo divino?
Vim buscar-te para o Céu!
respondeu-me ele.
E por que estou ficando tão leve?
Então, explicou-me o anjo, o que se passava em mim:
Esta sensação que sentes é uma sensação de bem-estar, de alívio, de feli-cidade que sentem todos os que se apro-ximam do Céu. Como sabes, o Céu é o lugar que Deus reservou para as almas justas e santas, onde não há nem pode haver tristezas, sofrimentos ou contrarie-dades. O Céu é a própria felicidade, a alegria sem restrições dos que sempre desejaram o bem e a posse da eternidade com Deus.
É lá que tu moras?
Sim, moro no Céu. Sou dos queru-bins que estão sempre diante do trono de Deus, para servi-Lo e amá-Lo.
Então, sempre estás a ver Deus?
Sim, vejo Deus todos os dias. E quando tenho de afastar-me de sua pre-sença, como agora, para o desempenho de alguma missão, sinto uma saudade imensa do meu lugar, porque ali a gente vive sempre feliz.
Pensei, então, que bom seria se Deus consentisse que eu ficasse no Céu. E que este sonho não fosse um sonho, mas a pura realidade!... Quanto mais voávamos, mais eu ficava transformado, sentindo algo diferente dentro de mim. Começava a ver os meus desejos satis-feitos e atendia a minha vontade. Via-me contente com tudo o que possuía e o mais interessante é que não desejava mais nada. E aquilo me trazia uma gran-de admiração, pois quantas coisas tenho ainda que fazer, negócios para resolver e, agora, tudo isso desaparece, por encanto, como se já estivesse realizado!
Num dado momento, o anjo olhou para mim e falou:
Estamos pertinho do Céu! Olha para baixo!
Olhei. A Terra me pareceu tão mes-quinha, tão desprezível, tão sem atrações que fiquei admirado de me conformar em viver lá. Quis falar com o anjo, mas, quando olhei o seu rosto, fiquei espanta-do. O meu companheiro começava a transfigurar-se, ficando translúcido, tão lindo que fiquei abismado. Um sorriso divino, meigo e manso esboçava-se em seu rosto que parecia fitar alguma coisa lá muito distante. Não quis despertá-lo do seu êxtase e esperei que ele me falasse de novo, a fim de perguntar-lhe o que estava vendo. Por fim, comecei a ficar, também, transfigurado e pressenti que a velocidade do nosso vôo diminuía, como sinal de aproximação do Céu. Mais alguns instantes e encontramo-nos dian-te de um portão muito mais estreito do que o do Purgatório. Ao avistá-lo até pen-sei que por ele não pudéssemos passar e supus que se tratava de alguma ante-câmera do Céu. Depois que paramos, tive ânimo de perguntar ao anjo:
E agora, onde estamos?
Diante do portão do Céu!
respondeu.
Assim, tão estreito?
E o anjo me explicou:
É que a entrada do Céu é muito difícil. O caminho é apertado e a porti-nha... bem que estás vendo!...
O anjo ajoelhou-se diante daquela porta esquisita, fez três reverências pro-fundas e, aos poucos, ela abriu-se, deixando-nos ver o que estava lá dentro.
Meu Deus, que deslumbramento!
E, a um sinal do meu amigo, segui-o pelas belas alamedas da eternidade. Fomos andando, entre magníficos jardins de belas