Senado da Rússia aprova envio de tropas à região ucraniana da Crimeia

 

Tensões separatistas crescem na região ucraniana de maioria russa.
Governo interino da Ucrânia chamou reunião para avaliar situação.

O Senado da Rússia aprovou neste sábado (1º), por unanimidade e em sessão extraordinária, o pedido do presidenteVladimir Putin para que as forças armadas russas sejam enviadas à região ucraniana da Crimeia.

O objetivo do envio das tropas seria "normalizar" a situação, em meio às crescentes tensões separatistas na região ucraniana de maioria russa, acirradas após a destituição, pelo Parlamento ucraniano, do presidente pró-russo Viktor Yanukovich.

"Em conexão com a situação extraordinária na Ucrânia, a ameaça às vidas de cidadãos da Federação Russa, nossos compatriotas, e o pessoal das forças armadas da Federação Russa no território ucraniano (na República Autônoma da Crimeia)... submeto uma proposta de uso das forças armadas da Federação Russa no território da Ucrânia até a normalização da situação sócio-política naquele país", diz o comunicado.

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A fórmula usada sugere que a Rússia poderia usar tanto a frota no Mar Negro, que já se encontra na Crimeia devido a um acordo bilateral entre Moscou e Kiev, quanto outras tropas russas.

Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, afirmou que, apesar da aprovação, o presidente ainda não decidiu se as tropas vão ser enviadas.

Segundo ele, o Kremlin ainda tem esperança de que não haja uma escalada da violência na região.

O senado russo também pediu a Putin que convoque para consultas o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, por considerar que o presidente americano, Barack Obama, havia cruzado "a linha vermelha" e "humilhado o povo russo", informou o vice-presidente da câmara alta, Yuri Vorobev.

Obama declarou que qualquer intervenção militar na Ucrânia teria "um custo".

Reações
O presidente interino da Ucrânia chamou uma reunião de emergência dos chefes de segurança neste sábado, disse sua porta-voz.

Oleksander Turchinov tomou a medida após Putin ter pedido a aprovação parlamentar para o envio de tropas à Crimeia.

O oposicionista Vitaly Klitschko, provável candidato à presidência em 25 de maio, pediu uma "mobilização geral" militar no país.

"O parlamento deve pedir ao comandante-em-chefe do Exército que declare uma mobilização geral pelo início da agressão russa à Ucrânia", declarou Klitschko em comunicado.

O rápido desenvolvimento da crise na Crimeiagerou alerta nos países ocidentais, que pediram respeito à soberania ucraniana.

O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse que a decisão do parlamento russo é uma "ameaça potencialmente grave" à soberania da Ucrânia.

Diplomatas da União Europeia farão uma reunião extraordinária, segunda-feira em Bruxelas, para avaliar a crise.

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá neste sábado para uma segunda rodada de consultas em 24 horas sobre a tensão crescente na Ucrânia, disseram funcionários da organização internacional.

A reunião acontecerá às 19h GMT (16h de Brasília).

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, publicou no Twitter que o encontro foi solicitado pelo Reino Unido.

O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, afirmou que conversou neste sábado com seu colega russo Sergei Shoigu, segundo uma autoridade americana citada pela Reuters.